Título: Governo americano prevê um déficit de US$ 1,186 tri em 2009
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Fonte: Gazeta Mercantil, 08/01/2009, Internacional, p. A9
8 de Janeiro de 2009 - O governo federal dos Estados Unidos vai ter um déficit orçamentário de US$ 1,186 trilhões no ano fiscal de 2009 e US$ 703 bilhões no ano fiscal de 2010, de acordo com projeções divulgadas ontem pela Comissão Orçamentária do Congresso (CBO, na sigla em inglês).
Em um a série de projeções terríveis para a economia norte-americana, o guardião fiscal não-partidário do Congresso projetou que o produto interno bruto dos Estados Unidos vai registrar uma contração de até 2,2% em 2009 e que a taxa de desemprego do país vai chegar a um pico de 9% no início de 2010.
A queda no Produto Interno Bruto (PIB) marcaria o maior declínio na produção do país em um único ano desde a Segunda Guerra Mundial, disse em uma coletiva de imprensa Robert Sunshine, diretor interino da comissão.
O drástico aumento no déficit orçamentário projetado está em contraste com o recorde anterior de US$ 455 bilhões registrados pela CBO para o ano fiscal de 2008, que terminou em 30 de setembro de 2008. O ano fiscal atual termina em 30 de setembro de 2009.
A comissão prevê ainda que a economia do país permanecerá em recessão até o segundo semestre deste ano. Segundo dados oficiais, os EUA estão em recessão desde dezembro de 2007.
A equipe de transição do presidente eleito Barack Obama trabalha com parlamentares de ambos os partidos no Congresso para desenhar um enorme pacote de ajuda financeira em um esforço para tirar a economia americana da recessão. O plano deve ofertar entre US$ 775 bilhões e US$ 1,3 trilhão.Mitch McConnell, republicano do Kentucky e líder da minoria no Senado, afirmou que as cifras da comissão são "gigantescas" e lembrou que é responsabilidade do Congresso zelar pelo dinheiro dos contribuintes. McConnell defendeu que os parlamentares precisam assegurar que cada dólar gasto com o plano de estímulo econômico servirá a seu propósito e ajudará a criar novos postos de trabalho.
Demissões disparam 275%
O volume de demissões das empresas norte-americanas quase quadruplicou em dezembro, puxado pelos cortes efetuados pelas instituições financeiras, empresas de produtos químicos e de varejo, com a irradiação da recessão por toda a economia americana.
As demissões cresceram 275% no mês passado em comparação a dezembro de 2007, para o corte de 166,3 mil postos de trabalho, disse ontem a agência de emprego Challenger Gray & Christmas, de Chicago. No ano de 2008 como um todo, foram realizadas 1,22 milhão de dispensas, o maior contingente de cinco anos.
A economia americana entrou num ciclo autoalimentado de fechamentos crescentes de postos de trabalho e de quedas dos gastos do consumidor que ameaça se ampliar e aprofundar o desaquecimento econômico este ano. Obama disse que sua prioridade máxima após assumir o governo, no próximo dia 20, será aprovar um pacote de estímulo que poupará ou criará três milhões de empregos.
"Infelizmente os fechamentos intensivos de postos de trabalho deverão continuar até pelo menos o final do primeiro semestre de 2009", disse John A. Challenger, principal executivo da empresa, em um comunicado. "Quase todos os setores tiveram aumento das demissões em 2008, quando os efeitos do colapso dos mercados de imóveis residenciais e financeiro se propagaram por toda a economia."
Vacância recorde
O número de lojas vagas nos centros de compras e shopping centers dos EUA ficou próximo de sua maior alta dos últimos 10 anos no quarto trimestre de 2008, e deverá aumentar ainda mais com a queda das vendas no varejo, que deve tirar mais lojas de operação, disse a empresa de pesquisa Reis.
A taxa de vacância dos shoppings regionais subiu para 7,1% no último trimestre do ano passado, em relação aos 6,6% do trimestre anterior. A taxa foi a mais alta de lojas vagas desde que a Reis começou a monitorar os shoppings regionais, em 2000, bem como o maior salto das vacâncias no comparativo trimestral. Em centros de bairro, a taxa de vacância subiu de 8,4% do terceiro trimestre para 8,9% no quarto trimestre.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)( Dow Jones Newswires e Bloomberg News)