Título: Brasil pode reduzir dependência boliviana
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Fonte: Gazeta Mercantil, 08/01/2009, Emresas, p. C1
Rio de Janeiro, 8 de Janeiro de 2009 - O ajuste trimestral do preço do gás boliviano vendido ao Brasil vai refletir em janeiro a queda da cotação do petróleo, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, João Souto. O ajuste, feito de três em três meses, segue uma fórmula que inclui uma cesta de preços do petróleo. "Vai depender também do câmbio, mas a expectativa do governo é de que fique em torno de 20% (a queda de preço)", afirmou Souto.
O contrato de importação de gás da Bolívia foi assinado pelo Brasil em 1999 e tem duração de 20 anos. O acordo já foi objeto de conflito entre os dois países, o que fez a Petrobras desenvolver um plano para aumentar a produção de gás no Brasil para reduzir a dependência da Bolívia. Souto destacou que a queda do preço do petróleo, cuja cotação hoje gira em torno dos US$ 40-50 depois de ter atingido o pico de US$ 147 em meados de 2008, só agora chega ao gás.
"Pela primeira vez em muito tempo a fórmula vai para baixo, porque o petróleo só vinha subindo", explicou o secretário, ressaltando que apesar de o preço ter despencado há meses, o impacto custa a chegar ao consumidor. "O benefício não é instantâneo, demora para chegar ao consumidor", disse.
Importação menor
A Petrobras vai reduzir temporariamente a compra de gás natural da Bolívia, já que o consumo no País deverá cair com o desligamento de usinas termelétricas durante o período úmido.
A informação foi confirmada por Souto que avaliou ser positivo para o Brasil a redução de compra do gás boliviano neste momento.
"As térmicas a gás estavam sendo acionadas sem necessidade. Assim, você ajuda a mandar menos dólares para a Bolívia, ajuda na balança comercial", disse Souto à Reuters.
Segundo informou um jornal boliviano, sem citar fonte, a redução dos volumes de fornecimento do gás começaram em 29 de dezembro de 2008.
O desligamento das usinas térmicas a gás correspondem a um volume de geração de energia de 3,5 mil megawatts e será comunicado oficialmente na sexta-feira, na reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
O volume de gás boliviano que deixará de ser comprado corresponde a cerca de 30% do total de 30 milhões de metros cúbicos diários, mas, segundo Souto, isso dependerá do comportamento diário de mercado.
"A Petrobras tem que pagar por 70% do gás, o resto é flexível, o que importa é a média do mês. Pode ser que um dia compre 24 (milhões de metros cúbicos) e outro dia 19 (milhões de metros cúbicos), vai depender do mercado", informou o secretário.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Reuters)