Título: Índice de confiança na UE preocupa, afirma analista
Autor: Urbanin, Carina
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/01/2008, Internacional, p. A9

9 de Janeiro de 2009 - Apesar do recuo de 0,2% verificado nas economias da União Européia e da Zona do Euro, e do aumento do desemprego na região, o que realmente preocupa são os índices de confiança dos consumidores e empresários. A avaliação é da analista da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro. Os índices, divulgados hoje, apontaram o menor resultado desde a criação da pesquisa, em 1985.

"O recuo do Produto Interno Bruto (PIB) e a queda nos postos de emprego já eram dados esperados. Eles confirmam a recessão, mas não trazem nenhuma novidade. Já os índices de confiança vieram abaixo das estimativas e surpreenderam negativamente o mercado", disse Alessandra. A economista destacou que a redução do Índice de Percepção dos Agentes, que mede a confiança dos empresários, caiu de 74,9 pontos em novembro, para 67,1 pontos em dezembro. Segundo ela, "isso significa que os investimentos vão continuar caindo". No mesmo sentido, Alessandra citou a baixa na Confiança do Consumidor, que passou de -25 pontos em novembro, para -30 pontos em dezembro, "o que deve arrefecer o consumo". "Esses fatores somados deverão agravar a situação econômica da região e alongar o período de recessão", explica.

Para a analista, os dados vão contra a resistência do Banco Central Europeu (BCE) de não baixar a taxa básica de juros. "Reduzir a taxa é uma medida urgente para tentar encurtar o período de recessão", ressaltou a analista, completando que a previsão é de que o PIB da Zona do Euro e da União Européia tenha decréscimo de 0,4% neste ano. "Se essa taxa não for reduzida o mais rápido possível, acredito que o PIB terá recuo superior aos 0,4% estimados'', acredita Alessandra.

A economista avaliou ainda que a economia da região pode ter um sofrimento bem mais prolongado do que os Estados Unidos, uma vez que possui uma política econômica menos flexível e com visão monetarista. "A situação econômica só deve começar a demonstrar sinais de recuperação depois de economias como as dos Estados Unidos e Inglaterra mostrarem algum alento. Para isso, acho ainda necessário, pelo menos, um ano."

Balança alemã

A crise econômica mundial também atingiu duramente em novembro o comércio externo da Alemanha, principal motor de sua economia, com uma brutal queda do superávit, informou nesta quinta-feira o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis). O superávit da balança comercial alemã foi de 9,7 bilhões de euros (13,2 bilhões de dólares), segundo uma cifra provisória, depois de ter alcançado 16,2 bilhões de euros em outubro.

Os economistas previam que o excedente sofreria apenas um leve retrocesso, permanecendo em torno dos 16,2 bilhões de euros, de acordo com uma pesquisa realizada pela Dow Jones Newswires.

As exportações de novembro foram de 77,1 bilhões de euros, com uma queda de 10,6% em relação a outubro. As importações também sofreram queda, de 5,6%, a 67,4 bilhões de euros.

Na Espanha, o número de desempregados ultrapassou a marca de 3 milhões de pessoas pela primeira vez em dezembro e o governo disse que o cenário deve piorar em 2009. O número de trabalhadores desempregados no país aumentou em 139.694 pessoas, nono aumento consecutivo.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Carina Urbanin/Invest News e agências internacionais)