Título: Equador suspende atividades de exploração para atender Opep
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Fonte: Gazeta Mercantil, 09/01/2009, Infra-Estrutura, p. C5

Quito, 9 de Janeiro de 2009 - O Equador suspenderá a produção das empresas petrolíferas Perenco, da França, e Agip Oil, da Itália, para cumprir com a determinação de cortes imposta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em novembro, que visa estabilizar os preços do petróleo, anunciou ontem o ministro do Petróleo, Derlis Palacios.

"A decisão (de fechar os poços da companhia italiana) está tomada", informou a autoridade, que acrescentou que Perenco também deverá suspender a exploração do Campo 21.

Assim, o menor membro do cartel dos exportadores irá reduzir cerca de 67 mil barris diários (b/d) de sua produção, passando dos 520 mil b/d para 453 mil b/d, conforme estipulado pela Opep.

"Vamos tomar a decisão também com referência ao Campo 21, e o fecharemos para completar toda a quota", enfatizou Palacios em entrevista ao canal "Teleamazonas".

Agip na quarta-feira extraiu 23.988 b/d e Perenco (com dois blocos de hidrocarbonetos), 19.583 b/d, segundo indicou uma fonte da estatal Petroecuador.

O ministro explicou que a redução na produção da francesa se deve ao fato de que "embora tenha havido negociações prévias com Perenco (para modificar as condições da operação) existe um impedimento para a assinatura dos contratos devido à posição intransigente da parceira Burlington (dos EUA)".

As companhias ainda não se pronunciaram sobre a resolução do Equador, onde operam a hispano-argentina Repsol, a brasileira Petrobras e a chinesa Andes Petroleum, cujos contratos foram renegociados visando deixar mais recursos para o Estado.

Há duas semanas o presidente do Equador, Rafael Correa, antecipou a suspensão da produção da Agip Oil (filial da Eni). "Já orientei o ministro de Minas e Petróleo a reduzir toda a produção da Agip, repor o que for preciso, porém quanto mais produzem mais dinheiro perdemos", disse na ocasião, enfatizando que o contrato em vigor desde o início de 2000 não é rentável para o Estado.

Portanto "serão eliminados 20 mil barris dos 40 mil que precisamos eliminar" como parte do segundo corte imposto pela Opep, disse o mandatário.

Por sua vez Palacios informou que "o corte nessa produção não é como fechar um registro de água, é preciso um planejamento, uma série de medidas de campo para que isso se realize". "Estamos fazendo toda essa programação durante esta semana", assinalou, estimando que o Equador cumprirá os cortes requisitados pelo cartel "dentro de oito a 15 dias".

O ministro disse que negocia o término do contrato com a Agip, e que, diante dos efeitos da crise mundial, "sai mais caro" para o país a exploração que a venda do petróleo extraído pela empresa. "É preferível deixar de explorar o campo" da Agip, disse para acrescentar que a situação com a companhia italiana poderá mudar "assim que houver alguma alteração nos preços".

O petróleo é o principal produto de exportação do Equador e gerou US$ 9,860 bilhões entre janeiro e outubro de 2008. Quito estima que o orçamento nacional para 2009 será de cerca de US$ 13,4 bilhões com um preço médio de US$ 55 o barril de petróleo.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)(AFP)