Título: Concorrência reduz tarifas aéreas na América Latina
Autor: Regiane de Oliveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/09/2004, Comércio & Serviços, p. A-13

No Brasil, diminuíram os descontos durante o primeiro semestre. O mercado de turismo da América Latina ganha seu primeiro Índice de Viagens Corporativas. O estudo, realizado pela American Express Business Travel, tem como objetivo ser um referencial para as empresas, mostrando tendências de preços e rotas. A pesquisa, já publicada há cinco anos nos Estados Unidos e na Europa, cobriu 863 rotas diretas de 11 países da América Latina.

O primeiro resultado divulgado pela empresa mostra que neste primeiro semestre, em toda a América Latina, as tarifas de passagens aéreas tiveram um acréscimo de 1,7%. O resultado foi impulsionado basicamente pelos aumentos de 51,9% na classe Econômica Premium (sem restrição) e de 14,9% na classe Econômica Premium Restrita. Entretanto, se excluídas as tarifas de Classe Executiva e de classe Econômica Premium integral, que não atendem ao mercado corporativo, os preços globais cairiam em torno de 2,5%.

Segundo Sidney Alonso, gerente de negócios com fornecedores da American Express Business Travel, a queda nos preços das passagens em toda a região pode ser atribuída à forte concorrência entre as operadoras. A curto prazo, entretanto, os preços podem subir. Os custos crescentes de combustível e a constante ameaça de inflação regional são as principais ameaças à tendência de queda.

Para Alonso, o "aumento das tarifas na região é praticamente um resultado técnico, diferente do panorama de cada país". No Brasil, a pesquisa mostrou que as tarifas cresceram 13% no primeiro semestre deste ano. O resultado, porém, não se deve a um aumento nominal nas passagens aéreas: "O que aconteceu foi uma redução nos descontos promovidos pelas companhias, seguida de uma readequação cambial".

De acordo com Alonso, a recuperação da economia no Brasil também melhorou a demanda de passageiros nas empresas aéreas. Um estudo publicado pela Business Travel mostra que a ocupação dos vôos no Brasil melhorou no último semestre. De janeiro a junho de 2003, o ocupação nos aviões aumentou de 56,7% para 58,5%. Este ano, este resultado foi de 66,5% em janeiro e 64,5%, em junho. "Tivemos um crescimento médio de 10% da ocupação neste período, o que influenciou positivamente as contas das empresas. Houve uma redução de descontos e não efetivamente um aumento", analisa Alonso.

A diminuição dos descontos fez com que o Brasil apresentasse a maior alta da região, seguido pela Argentina (5,5%), Peru (3%) e Equador ( 2,2%). Entretanto, o resultado não é regra. Porto Rico, por exemplo, apresentou uma queda de 7,5% no valor das tarifas no primeiro semestre de 2004. "A diferença é que no Brasil 94% da linhas são voltadas para o mercado interno, enquanto o que puxou a redução no valor das passagens de outros países foi exatamente a queda nos preços de destinos internacionais", explica Alonso.

As tarifas para destinos como Estados Unidos e extremo-leste da Ásia puxaram a redução das passagens internacionais. Isso se deve principalmente às restrições impostas pelo governo americano para a concessão de vistos, inclusive no transito interno.

A pesquisa analisa ainda os dados de custo médio por viagem. Segundo Alonso, o objetivo é ajudar os organizadores de viagens a tomar decisões quanto às melhores alternativas de locais para a realização de reuniões e de outros eventos corporativos.