Título: Preço de produtos exportados encolhe 8,4% em novembro
Autor: Salgueiro,Sônia
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/12/2008, Brasil, p. A5

São Paulo, 22 de Dezembro de 2008 - Os preços dos produtos exportados pelo País já estão em pleno processo de desaceleração e podem baixar muito mais em 2009, chegando aos níveis do primeiro semestre de 2007, antes da disparada das cotações das commodities. É isso que indica estudo elaborado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), que será divulgado hoje. O levantamento mostra que no mês passado o índice de preço das exportações brasileiras caiu 8,4% frente a outubro, sendo que nos produtos básicos a queda foi ainda maior, de 12,2%. Em novembro, o Brasil exportou US$ 14,7 bilhões, marca 5% superior à do mesmo mês do ano passado. De janeiro a novembro, foram gerados US$ 184,1 bilhões (alta de 25,7%) em divisas.

"No acumulado do ano (até novembro) os preços ainda são 28,4% maiores que os obtidos no mesmo período de 2007, mas com tendência de rápida desaceleração, porque a queda é muito forte na ponta", afirma o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. Entre agosto e novembro, o índice geral de preço das exportações caiu 12%, influenciado principalmente pelos produtos básicos, que encolheram 18,8% no mesmo intervalo.

Ribeiro avalia que esses números sinalizam o início de um movimento de queda. "A tendência é que, ao longo de 2009, os preços voltem aos níveis do primeiro semestre de 2007, o que significa que eles podem cair mais 24% daqui para a frente", diz. Segundo o economista, quedas mais robustas são até possíveis, mas menos prováveis. "Se os preços voltarem ao patamar de 2005 ou 2006, a queda ficará na casa dos 50%."

O economista-chefe da Funcex explica que o cenário de curto prazo para as exportações é ruim não só por causa da redução de preço, mas também porque os volumes exportados seguem caindo. "Pela primeira vez desde 1995, o Brasil fechará um ano com queda de quantum. Minha estimativa é que teremos neste ano um quantum 2,5% a 3% menor que o de 2007", diz ele.

Em novembro, o quantum de exportação caiu 10,3%, frente ao mesmo mês de 2007. Em outubro, já tinha encolhido 9,3%. "São justamente os meses em que a crise bateu forte. O real desvalorizou em relação ao dólar e eclodiram os problemas com linhas de financiamento, levando muita gente a postergar e até cancelar exportações", analisa Ribeiro.

Um dado que surpreendeu o economista é que toda a queda de quantum nas exportações veio dos produtos manufaturados. Enquanto básicos e semimanufaturados continuam relativamente estáveis no acumulado do ano, os manufaturados apresentam queda de quantum de 5,6% até novembro. Em outubro os itens industrializados caíram 12,6% e no mês passado, 14,2%, sempre em relação a idêntico período de 2007. "Esses produtos têm maior dependência de crédito. Sem linhas de financiamento não se exporta bens de capital, automóveis, eletroeletrônicos e outros bens de maior valor", comenta. No cômputo do ano, prevê Ribeiro, os manufaturados devem registrar uma queda de quantum próxima de 7%. Já os itens básicos e semimanufaturados devem fechar o ano com pequena variação negativa, segundo o economista.

Já na ponta das importações, a receita de US$ 13,1 bilhões registrada em novembro foi 9,2% inferior à do mês anterior, em contraste com as seguidas altas que vinham sendo registradas, de mais de 40%. Essa desaceleração é reflexo da menor expansão de quantum, combinada com preços mais baixos. "No mês passado o quantum subiu só 3,2% frente a novembro de 2007 e o preço de importação cai na ponta, devido à cotação do petróleo", diz Ribeiro.

De julho a novembro, a queda acumulada do preço de importação atingiu 8,3%. Ainda assim, de janeiro a novembro as compras externas, de US$ 161,6 bilhões, acumulam alta superior a 20%, tanto do ponto de vista de quantum como de preço. Mas a mudança de cenário neste último trimestre, segundo análise do economista da Funcex, mostra que em 2009 as importações crescerão num ritmo muito mais modesto que o observado até agora.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Sônia Salgueiro)

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