Título: Ausência de ministros esvazia o governo
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/01/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 6 de Janeiro de 2009 - O ano começou lento na Esplanada dos Ministérios, onde 15 pastas ainda aguardam a chegada de seus ministros que estão de férias ou em recesso. Na primeira segunda-feira do ano, a maioria dos ministros que se encontravam na capital federal estavam voltados para despachos internos e, de acordo com as assessorias dos órgãos, o paradeiro de um ontem é um prenúncio do que será o início do ano no Executivo. Os possíveis reflexos no Brasil da crise financeira mundial levaram, no entanto, os ministros da Fazenda, Guido Mantega e da Agricultura, Reinhold Stephanes, a se reunirem ontem para discutir a prorrogação dos prazos de dívidas dos produtores e a liberação de R$ 2 para as cooperativas agrícolas.

No Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o foco é finalizar o formato dos cursos de capacitação para beneficiários do programa Bolsa Família. O ministro Patrus Ananias, que está na cidade, pretende lançar o programa que priorizará cursos na construção civil no primeiro semestre do ano.

O ministro das Cidades, Márcio Fortes, chegou ontem no início da noite à capital. Ele começou a semana no Rio de Janeiro para participar da cerimônia que marca o início das obras do novo sistema de distribuição de água de São Gonçalo. As obras, que pretendem melhorar o fornecimento de água tratada para cerca de 170 mil moradores da região, fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e terão investimento de R$ 19,4 milhões do governo federal e uma contrapartida do governo do estado do Rio de Janeiro de R$ 4,8 milhões. Segundo a assessoria do órgão, Fortes pretende inaugurar outras obras do PAC ainda este mês, mas essa agenda depende da definição do Palácio do Planalto nos próximos dias.

De férias em Lisboa, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não fugiu dos assuntos oficiais. Ele discutiu política externa com embaixadores portugueses como convidado do Seminário Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. A crise no Oriente Médio também recebeu a atenção do chanceler que tratou sobre o assunto com membros do corpo diplomático suíço.

Polêmica à vista

Quando chegar do recesso que passa em Fernando de Noronha, no próximo dia 12, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, priorizará a articulação do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os prefeitos eleitos da Amazônia Legal. Anunciada em diversos eventos oficiais realizados no ao passado, a reunião do presidente com os prefeitos deve acontecer no início de fevereiro. Na pauta, incentivos a serem concedidos aos gestores que combaterem o desmatamento.

Outro que chegará no início da próxima semana em Brasília é o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Na agenda, o fechamento do balanço do programa Territórios da Cidadania, lançado no ano passado pelo presidente Lula para levar a territórios pré selecionados de baixo índice de Desenvolvimento Humano (IDH) uma espécie de força-tarefa do governo em atividades produtivas, como crédito e assistência técnica; acesso a direitos, como a construção de postos de saúde e de escolas; e ações de infra-estrutura.

O balanço do programa é muito aguardado pela oposição que acusou o presidente Lula de usá-lo para fins eleitoreiros uma vez que o programa bilionário - com orçamento de R$ 7 bilhões em 2008 - seria um trampolim para o presidente viajar pelo país lançando a ministra Dilma Rousseff como sua candidata a sucessão presidencial. O balanço da reforma agrária também será lançado no início de fevereiro pelo ministro Cassel.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Luciana Abade)