Título: Renúncia improvável
Autor: Tahan, Lilian ; Medeiros, Luísa
Fonte: Correio Braziliense, 18/03/2011, Cidades, p. 19

O destino político de Jaqueline está escrito. Fisgada pelo Conselho de Ética, ela será submetida a um julgamento que tem como ponto de partida as imagens comprometedoras na sala de Durval. Se o episódio tivesse ocorrido há um ano, a pergunta do momento seria se a deputada renunciaria ao mandato para escapar de cassação ou se enfrentaria o processo até o fim. Nas atuais circunstâncias, com uma tendência de severa penalização, o mais indicado seria seguir os passos de Joaquim Roriz e sair antes de uma possível condenação para evitar a inelegibilidade.

Mas a Lei da Ficha Limpa tornou essa dúvida sem efeito. Se desistir agora, Jaqueline já estará inelegível por oito anos. Mas isso não significa que ela vai até o fim. Mesmo exposta e isolada, a parlamentar vem sendo encorajada por seu grupo político ¿ o mesmo que por duas décadas assessorou Roriz em sua conturbada carreira política ¿ a partir para o enfrentamento. Argumentam seus conselheiros que ela não tem mais nada a perder. Está em desvantagem, mas pode equilibrar a luta quando vier a público apontando exemplos de que o Congresso não é um convento, como definiu o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS).

É uma tática de guerra. Se vai morrer, que seja atirando. Mas Jaqueline sabe que enquanto sangrar no cenário político, estará comprometendo os negócios de sua família. Na esteira do vídeo da deputada, apareceram as histórias de nepotismo, lavagem de dinheiro, caixa dois e corrupção de Manoel Neto, o marido da parlamentar. Assim, mesmo que pareça uma pergunta com resposta pronta, a decisão de Jaqueline ainda não foi tomada.