Título: Força recua e suspende por dez dias as negociações com a Fiesp
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/01/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 16 de Janeiro de 2009 - A Força Sindical suspendeu pelo período de dez dias as tentativas acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que objetivavam buscar alternativas às demissões de trabalhadores, provocadas pela desaceleração econômica intensificada no fim do ano passado e no início deste ano.

Em reunião realizada ontem na sede da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em São Paulo, a entidade e as demais centrais sindicais presentes - União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central - solicitaram à Força que interrompesse por dez dias as tratativas com a Fiesp, para que as atenções fossem centradas em diálogos com o governo. Desde a semana passada a Força liderava a tentativa de acordo com os empresários.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que se recusou a participar das negociações por não concordar principalmente com a redução de salários, considerou positiva a pausa. Entretanto, Artur Henrique Silva, presidente da CUT salientou que "quem recua e suspende as negociações tem que criar uma pauta unitária das centrais sindicais, cujo primeiro item é garantir emprego e renda". Ele avalia que a suspensão da negociação mostra que "provavelmente houve pressão dos sindicatos da Força para uma mudança nas negociações", e destacou que com a interrupção aumentam as chances de unidade entre as centrais.

Para o presidente da UGT, Ricardo Patah, "a Força demonstrou grandeza ao acatar a idéia das outras centrais, de suspender por 10 dias as tratativas antes de iniciar qualquer tipo de negociação". O dirigente afirma que a UGT estava contrária à co-irmã Força, "porque achamos que ainda há alguma gordura para ser queimada antes, principalmente na redução das horas extras, e acabando com o banco de horas". Ele é taxativo ao afirmar que a entidade não considera "em hipótese nenhuma" a redução de salários.

Manter a unidade

A manutenção da unidade das centrais sindicais foi o principal motivo mencionado por Paulo Pereira, presidente da Força, para a suspensão das negociações. "Agora vamos forçar a barra com o governo, para dialogar e tentarmos medidas de combate ao desemprego, baixar juros e mexer no superávit primário, porque o governo está meio devagar nesses pontos", afirmou Pereira. Ele destacou que a pausa abre mais espaço para o apoio da CUT, e consequentemente para a unidade das centrais nas negociações com empresários e governos.

No entanto, o sindicalista destacou que, caso não haja acordo com o governo, retomará as negociações com a Fiesp, nos mesmos termos anteriores, o que inclui a redução de jornada com corte proporcional de salário. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também considerou positiva a pausa. "Na semana que vem haverá reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom), e vamos trabalhar para pedir um corte substancial na taxa básica de juros, por isso não é bom misturar os assuntos", destacou.

Para Antonio Neto, presidente da CGTB, um corte na taxa básica de juros também auxilia os trabalhadores, "pois a manutenção da Selic nos padrões atuais dificulta para o empregador e acaba gerando demissões".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Bruno De Vizia)