Título: Itália pode não gostar, mas tem que respeitar
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/01/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 16 de Janeiro de 2009 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a Itália tem de respeitar a decisão soberana do Ministério da Justiça de conceder refúgio ao italiano Cesare Battisti. Para o presidente, a decisão não vai provocar um incidente diplomático entre os dois países.

"Alguma autoridade italiana pode não gostar, mas tem que respeitar", disse em Ladário (MS), na fronteira com a Bolívia. "Não acredito que haja qualquer problema na relação Brasil - Itália porque é uma relação histórica, tão forte. Não é um problema de um exilado que vai trazer uma animosidade na relação", completou.

Para Lula, a decisão brasileira é soberana e mostra que o país é generoso. "Precisamos aprender a respeitar a decisão soberana de cada país. O Brasil entendeu que era correto e tomou a decisão. Acho que os italianos precisam respeitar. Pode até não concordar, mas tem que respeitar a decisão soberana do Brasil", afirmou."O Brasil é um país generoso. Tem na sua história muitos exemplos de pessoas que pediram asilo e aqui ficaram exiladas, moraram muito tempo", acrescentou.Ele lembrou que o governo francês também concedeu exílio a outra militante também acusada de cometer crimes na Itália. "Recentemente, uma pessoa que participava no mesmo ano, das mesmas coisas, foi exilada na França também", justificou.

Reação da Itália

O governo da Itália reagiu à decisão brasileira. O Ministério das Relações Exteriores da Itália divulgou comunicado afirmando que apelará ao presidente Lula para rever a concessão e chamou o embaixador brasileiro em Roma para prestar esclarecimentos.

A Procuradoria Geral da Itália pretende apresentar um recurso à justiça brasileira para anular a sentença que concedeu refúgio ao ex-militante de extrema-esquerda, condenado à prisão perpétua no país e autor de quatro homicídios.

"Neste momento, estamos estudando, em estreita coordenação com a embaixada italiana no Brasil, todas as estratégias técnicas e políticas para conseguir que a decisão seja reconsiderada", disse o assessor da chancelaria italiana, Pasquale Ferrara.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Agência Brasil)