Título: Aliviado, escritor planeja retomar segundo romance
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/01/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 16 de Janeiro de 2009 - O ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti disse ontem estar "aliviado" após a decisão tomada na terça-feira pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, de conceder a ele o status de refugiado político.

Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país por quatro assassinatos, revelou ainda que, após deixar o presídio de Papupa, a 30 quilômetros de Brasília, onde está detido, voltará a se dedicar a seu segundo romance, "O Pé do Muro".

A informação foi confirmada à ANSA por uma fonte próxima da equipe de Luiz Eduardo Greenghalgh, advogado do italiano. Segundo a mesma fonte, o ex-militante se reuniu hoje durante uma hora com seus advogados.

Na última terça-feira, Genro concedeu status de refugiado político a Battisti, o que garante que ele deixe a prisão e possa trabalhar e morar no Brasil.

O ministro argumentou que a decisão foi baseada no Estatuto dos Refugiados, de 1951, e na Lei 9.474, de 1997, que justificam a concessão de refúgio ante a "existência fundada de temor de perseguição" contra Battisti, que alega inocência.

A decisão gerou certa tensão entre as duas nações e levou a Itália a emitir um pedido oficial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a decisão seja revista.

Lula, por sua vez, afirmou em audiência que a tarefa de conceder refúgio era do Ministério da Justiça e que a decisão se enquadrava nas determinações da Constituição brasileira.

Ajuda de jogadores

O apelo da decisão do governo brasileiro é tanto que o ex-ministro da Justiça italiano Clemente Mastella fez ontem um apelo aos jogadores brasileiros na Itália. O ministro quer que os astros do futebol brasileiro intercedam junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma revisão da decisão de conceder asilo político ao ex-ativista de extrema-esquerda.

"Espero que o nosso governo insista em uma reconsideração das autoridades brasileiras e, de uma forma mais simples, gostaria que os muitos jogadores da ""seleção canarinho"" que jogam nos nossos times, e são tão bem tratados pelos torcedores e pela imprensa, façam um apelo ao seu presidente, testemunhando as enormes dificuldades que a negação do pedido de extradição de um assassino está provocando na Itália", pediu Mastella.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Ansa)