Título: Governo prepara medidas para desonerar investimentos
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/12/2008, Brasil, p. A4

São Paulo, 19 de Dezembro de 2008 - O governo federal está estudando medidas para desonerar o investimentos, afirmou ontem a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O Ministério da Fazenda está avaliando quais ações deverão ser tomadas para reativar a economia e auxiliar no enfrentamento da crise financeira internacional, salientou a ministra, sem especificar quais setores serão contemplados.

Dilma acrescentou que apresentará hoje ao presidente Luís Inácio Lula da Silva um conjunto de projetos a serem incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). "São alguns projetos que já tínhamos em carteira, há rodovias, portos, adutoras", exemplificou.

A ministra destacou que os investimentos do PAC na Petrobras estão mantidos, tanto para o pré-sal, quanto R$ 40 bilhões em 2009 para o "extra" pré-sal, ou seja, os investimentos em operações de extração e distribuição.

"O pré-sal será importante quando o preço do petróleo der uma retomada, e voltar ao patamar de US$ 60 ou US$ 70 o barril, mas não creio que vai voltar para aquele valor de US$ 150 por barril", considerou Dilma, falando durante evento promovido pela Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) e pela Confederação Nacional da Indústria.

A ministra avaliou que o investimento estrangeiro direto deve cair no próximo ano, mas que não será um recuo abrupto, pois o País oferece grandes oportunidades, com segurança e rentabilidade. Ela destacou que o governo atua em quatro pilares para manter o crescimento econômico: programas de estímulo à construção civil com foco em habitação popular; programa de mobilidade urbana, voltado à Copa de 2014, investimentos no pré-sal; e o próprio PAC.

Meta de crescimento

"Ninguém pode garantir crescimento, mas o governo trabalha para fazer o país avançar 4% no próximo ano, não porque somos fantasistas, mas porque temos que ter metas. Estamos fazendo todas as medidas possíveis, tanto no curto, quanto no médio e longo prazos", frisou a ministra.

A taxa de câmbio atual também traz ao Brasil oportunidades de desenvolvimento de políticas produtivas, argumentou a ministra, considerando que o balanço de pagamentos do País sofrerá menos pressão por conta da redução no volume de importações e menor volume de gastos com viagens ao exterior na conta de serviços. Dilma disse ainda que os investimentos em Tecnologia da Informação serão essenciais "para o Brasil dar a cara no processo de retomada da economia, que virá após essa turbulência", considerou a ministra.

Dilma se esquivou de comentar a política monetária do País, mas deu seu recado ao afirmar que o mundo vive hoje um quadro de queda acentuadíssima dos juros e o Brasil não está fora deste contexto. "O governo está muito preocupado com essa questão tanto dos spreads, temos que reduzir os custos dos financiamentos, mas não podemos cair na armadilha da liquidez, quando políticas de juros não fazem efeito, quando os juros ficam até negativos".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Bruno De Vizia)