Título: Protecionismo atrai Rússia, China e os EUA
Autor: Drajem,Mark
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/12/2008, Internacional, p. A13

Washington, 19 de Dezembro de 2008 - Um mês depois de os dirigentes mundiais terem prometido que evitariam elevar as barreiras comerciais, os governos do mundo inteiro estão tomando providências para ajudar seus setores econômicos às voltas com problemas, em detrimento de seus concorrentes externos.

A Rússia aumentou este mês as tarifas incidentes sobre os automóveis importados, a China tornou a introduzir benefícios fiscais para os exportadores, e a Índia impôs limites sobre as importações de aço. Além disso, os Estados Unidos estão estudando a possibilidade de salvar suas montadoras, e a França prometeu US$ 7,6 bilhões para proteger suas companhias dos "predadores estrangeiros".

As iniciativas sinalizam que a recessão mundial pode estar levando a uma reação protecionista, atropelando as promessas feitas pelos dirigentes do G20 em Washington em novembro e pondo em xeque a recuperação da economia.

"No dia seguinte mesmo em que essa promessa foi feita, os membros do grupo começaram a implementar novas medidas que distorcem o comércio mundial", disse Jeffrey Schott, ex-alto funcionário da área de comércio exterior dos EUA, que fez um breve informativo para as delegações presentes na Organização Mundial de Comércio (OMC) na semana passada. "Isso dificulta a tarefa de administrar a crise."

Os estudiosos de história econômica atribuem à guerra comercial travada durante a Grande Depressão, iniciada em 1929, o aprofundamento da recessão global.

Com as lições da Grande Depressão, os dirigentes reunidos em Washington no mês passado disseram que se absteriam de impor obstáculos ao comércio exterior por pelo menos um ano. Certamente, o novo protecionismo nem se compara ao da década de 1930.

Isso em parte porque as barreiras comerciais são muito mais baixas do que eram naquela época. A média das tarifas incidentes sobre produtos manufaturados entre os países desenvolvidos caiu para menos de 5% hoje em dia, a partir dos 40% de 1947, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI). E, de acordo com as regras da OMC, os países têm limites quanto à magnitude das tarifas sobre as importações que podem adotar.

"O nível do novo protecionismo é modesto", escreveu Richard Baldwin, diretor de política de governo do Centro de Pesquisa em Política Econômica de Londres, num livro lançado este mês. "No momento em que a recessão se dissemina e se aprofunda em âmbito mundial, isso pode mudar."

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13)(Mark Drajem/Bloomberg News)