Título: Indústria defende TJLP menor para reforçar confiança
Autor: Luciana Otoni, Adriana Cotias e Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Primeira Página, p. A-1
Taxa, hoje em 9,75%, será revista pelo CMN dia 29. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, aproveitou ontem uma homenagem que recebeu na Confederação Nacional da Indústria (CNI) e apelou ao setor industrial para que apresente projetos de impacto na estrutura da economia brasileira.
Lessa assinalou que o potencial de alavancagem do BNDES é hoje de R$ 30 bilhões e disse estar preocupado com a fixação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 9,75%, taxa utilizada nos 430 mil contratos de financiamento do banco com empresas de grande porte. Lessa defende a redução da taxa de longo prazo para 8%.
Teme-se que o aumento de 0,25 ponto percentual determinado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na taxa básica de juro, elevando-a para 16,25% ao ano, congele, por ora, as chances de redução da TJLP. Sua revisão é trimestral e está na pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para o próximo dia 29.
O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, comentou que, se o governo baixar a TJLP, isso representaria um sinal de confiança no futuro. Segundo o diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, não há, necessariamente, correlação entre os ajustes na taxa primária da economia e as correções na TJLP, apesar de o cálculo levar em consideração a inflação e o prêmio de risco-país. "O dinheiro que é regulado pela TJLP vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e não tem por que ter componente externo na sua formação."
Almeida disse que, na ponta, os recursos do BNDES saem entre 14% e 18% ao ano. À base TJLP são acrescidas a remuneração do banco de fomento e das instituições financeiras que repassam o dinheiro. Os prazos variam de cinco a oito anos nessas linhas, que se configuram como as únicas formas de financiamento de longo prazo com `funding¿ local. Para ele, apesar de o `spread¿ ser relativamente menor do que o cobrado no crédito bancário de curto prazo, o custo, para investimentos, está longe de ser ideal. "O custo geral do crédito, entre 11% e 12%, exigiria uma TJLP entre 6% e 8%", disse Júlio de Almeida.(