Título: Pacotes de estímulo não serão suficientes, diz Strauss-Kahn
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/12/2008, Internacional, p. A13

Madri, 16 de Dezembro de 2008 - A economia global pode cair em uma crise prolongada, espalhando tensões sociais, se os governos não expandirem e implementarem os pacotes de estímulo prometidos, afirmou o diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, ontem em Madri.

O ex-ministro das Finanças da França admitiu a possibilidade de uma recessão mundial. Segundo ele, o crescimento dos países emergentes não conseguirão compensar a recessão nas economias desenvolvidas. De acordo com Strauss-Kahn, o crescimento está desacelerando na China, à medida que a economia global sofre uma queda sem precedentes de produção e ruma para uma recessão, elevando os riscos de mais distúrbios civis como os vistos na Grécia desde a semana passada.

As perspectivas econômicas globais "continuam a se deteriorar", disse Strauss-Kahn, num encontro em Madri, considerando que "2009 será um ano muito difícil". "Não haverá retomada antes do final de 2009, início de 2010", acrescentou.

Strauss-Kahn disse ainda não estar convencido de que as políticas que estão sendo seguidas para enfrentar a crise servirão para impulsionar o crescimento. Ele também insistiu sobre a necessidade de uma política ativa e de restaurar a confiança.

O chefe do FMI defendeu a implementação de uma política global de incentivos fiscais equivalentes a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Ele indicou que as previsões que o Fundo publicará em janeiro serão "provavelmente" piores do que as anteriores.

Sem urgência por parte dos governos, o início da recuperação econômica global no final de 2009 e início de 2010 pode ser adiada. "Muito ainda precisa ser feito e, se esse trabalho não funcionar, será difícil evitar uma longa crise."

Strauss-Kahn disse que as previsões de expansão da China em 2009 deverão ser cortadas para 5%. Em suas últimas projeções publicadas em novembro o FMI estimou um crescimento de 8,5% para a China em 2009 e de 9,7% para este ano. A previsão de novembro para 2009 foi 0,8 pontos percentuais inferior ao cálculo anterior do FMI, de outubro.

"Começamos prevendo para a China um crescimento de 11%, depois 8%, a seguir 7%, e logo a China crescerá provavelmente de 5% a 6%. A possibilidade de uma recessão global é real, e nos damos conta que é preciso fazer algo", disse Strauss-Kahn. "Enfrentamos um declínio sem precedentes na produção e existe uma incerteza significativa que limita a eficácia de algumas medidas de política fiscal.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Reuters e Agência Lusa