Título: Operações de empréstimos voltam à normalidade, diz BC
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/12/2008, Finanças, p. B1
São Paulo, 16 de Dezembro de 2008 - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, avaliou ontem que as operações de crédito no Brasil estão sendo normalizadas, depois de uma série de medidas adotadas pelo governo para combater os efeitos da crise global. Segundo Meirelles, a concessão média diária de empréstimos em novembro (até o dia 26) cresceu 4,7% sobre outubro e 1,0% sobre agosto, antes do colapso do Lehman Brothers, que intensificou a crise financeira mundial. Entre os dados apontados como evidências da retomada, o presidente do BC citou o movimento de Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC), cujo volume subiu para uma média semanal de mais de US$ 220 milhões entre o final de novembro e início de dezembro, acima da média de 2008.
"Esse valor é mais que suficiente para as empresas rolarem dívidas", disse Meirelles, ontem, durante seminário da Standard and Poor""s, na capital paulista. O presidente do BC afirmou também que até o final de novembro já haviam sido liberados R$ 94 bilhões em depósitos compulsórios. Porém, evitou mencionar a política monetária, dias depois de os diretores da instituição terem mantido a taxa básica de juros do País em 13,75% ao ano, diferentemente de outras nações, que reduziram seus juros para tentar reanimar a economia abatida pela turbulência global. "A crise atinge os países de formas diferentes. Temos que ter cuidado para não prescrevermos remédios iguais", disse.
Diferentemente dos Estados Unidos, onde houve uma grande perda de riquezas provocada pela derrocada no setor imobiliário - e da China, que tenta fortalecer o consumo interno para compensar o efeito da queda abrupta nas exportações, o Brasil foi alcançado pela crise num momento de elevado nível de crescimento econômico, afirmou. "O Brasil entrou na crise com velocidade bastante acelerada. Os números mais recentes ainda são similares aos que até pouco tempo atrás eram considerados muito bons", argumentou.
Para Meirelles, o canal de crédito internacional para empresas domésticas foi o que atingiu o Brasil de forma mais aguda. Por isso, a autoridade monetária se concentrou nesse front, com medidas incluindo redução dos empréstimos compulsórios, criação de novas linhas de ACC e abertura do redesconto para instituições financeiras com problemas de liquidez.
Fed
Os empréstimos a empresas brasileiras com reservas internacionais do País, anunciados na semana passada, devem ter como fonte de recursos a linha de US$ 30 bilhões de swap do Federal Reserve Board (Fed, o banco central norte-americano) com o Banco Central do Brasil, disse Meirelles. "Ainda não tomamos a decisão se vamos usar (a linha do Fed). Poderemos usar, se julgarmos necessário."
Conforme ressaltou o presidente do BC, os recursos do Fed seriam sacados em parcelas de US$ 5 bilhões. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Reuters)