Título: Projeções apontam taxa de inflação próxima ao centro da meta em 2009
Autor: Saito,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/01/2009, Brasil, p. A5
12 de Janeiro de 2009 - A desaceleração da atividade econômica e a queda nos preços de commodities devem trazer a inflação de 2009 para um patamar mais próximo do centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%. Projeções de economistas consultados pela Gazeta Mercantil apontam para uma alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas, entre 4,5% e 4,8%. Com as expectativas em queda, parte do mercado já vê espaço para um corte mais agressivo da taxa básica de juros ao longo do ano.
No ano passado, o IPCA subiu 5,9%, acima do alvo central do governo, mas dentro do limite de 6,5%. Embora tenha se acelerado pelo segundo ano seguido, a inflação encerrou 2008 melhor que o esperado pelo mercado há alguns meses atrás, que chegou a estimar que o indicador terminaria o ano acumulando alta de 6,44%.
A taxa de dezembro medida pelo IPCA confirmou a projeção de 0,28% da LCA Consultores. Segundo o economista Flávio Romão, com este resultado, a consultoria rebaixou sua projeção de inflação para 2009 de 5,1% para 4,8%. O indicador mensal refletiu a freada da economia no final de 2008. "Este movimento tem ligação com a forte desaceleração da economia que tende a desencorajar o repasse de preços", diz Romão.
Já a economista-chefe da Link Investimentos, Marianna Costa, prevê inflação de 5%, mas afirma que há chances de uma alta menor, perto do centro da meta. Mesmo com dúvidas sobre a pressão do dólar valorizado sobre os preços, a queda das cotações das commodities e a redução de ritmo de crescimento da economia contribuem para uma taxa mais baixa. "O cenário para inflação para o ano como um todo é bem melhor", afirma. A economista, no entanto, também avalia reduzir a previsão de expansão do PIB de 2,3% para um percentual entre 1,5% e 2%.
Com projeção de crescimento de 1,5% da economia, a Rosenberg & Associados prevê inflação no centro da meta (4,5%). Para o economista da consultoria Francis H. Kinder, a trajetória de desaceleração da inflação já está mais do que consolidada. Segundo ele, o núcleo de inflação por exclusão, que chegou a subir 0,63% em setembro, recuou de 0,36% em novembro para 0,32% em dezembro, indicando que a pressão que a demanda aquecida exercia não é mais motivo para preocupação. "No início do ano teremos pressões por conta dos reajustes de mensalidades escolares. Passado isso, as taxas em 12 meses devem despencar."
"A inflação deve ser um problema secundário em 2009", completa o economista-chefe da Concórdia Corretora, Elson Teles, que prevê uma alta de 4,7%. Além de um aumento menor dos preços dos alimentos, ele prevê queda no preço dos combustíveis.
Diante de uma inflação de 5,9% em 2008, resultado de desacelerações seguidas no segundo semestre do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne dias 20 e 21 de janeiro para discutir o rumo da Selic, fixada hoje em 13,75% ao ano, não tem mais motivos para manter a política de aperto monetário. "O Copom terá que agir mais drasticamente, derrubando os juros em 0,75 ponto percentual (p.p.) já na primeira reunião", diz Silveira, que vê espaço para três cortes de 0,75 ponto até o final de 2009.
Para Marianna, da Link, o corte janeiro em 0,5 p.p. em janeiro. Ao longo de 2009 a previsão é de um corte total de 3 pontos, levando a Selic a 10,75% ao ano em dezembro. "Esperamos cortes de 0,5ponto até o final do ano, podendo apertar o passo no caminho", diz. Já a LCA espera a Selic em 11,25% ao final do ano, com uma primeira redução de 0,5 p.p. neste mês de 0,75 ponto na reunião de março. "Se o objetivo é contribuir para que a atividade não tenha um arrefecimento, é necessário que os cortes sejam feitos nas primeiras reuniões", afirma Romão. A Concórdia prevê quatro reduções de 0,5 p.p até meados do ano, com a taxa permanecendo em 11,75% até dezembro. "A partir do segundo semestre, o BC (Banco Central) passa olhar para a inflação de 2010", afirma Teles.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ana Carolina Saito, Jaime Soares de Assis e Vanessa Stecanella/InvestNews)