Título: CEF poderá antecipar captação de recursos
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/01/2009, Brasil, p. A6

Brasília, 12 de Janeiro de 2009 - A Caixa Econômica Federal reforçou as negociações para acelerar o início da captação de recursos de trabalhadores para o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Na sexta-feira, a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, esteve reunida com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir o novo pacote habitacional, a ser lançado pelo presidente da República, e o novo sistema de captação de recursos que deve reforçar o caixa do FI-FGTS com valores entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões.

Ao final da reunião, o vice-presidente de Ativos de Terceiros da Caixa, Bolivar Tarragó Moura Neto, explicou que a instituição já adotou as ações do ponto de vista financeiro e operacional para dar início às captações. Mas embora a legislação que criou o FI-FGTS, em 2007, permita aos trabalhadores aplicar até 10% do seu saldo do fundo de garantia nessa modalidade, falta ainda a aprovação do Conselho Curador do FGTS. Ainda assim, a Caixa está apostando que as captações terão início em março ou abril.

A vantagem para o trabalhador é que ele obterá melhor remuneração do que se decidir deixar os recursos no FGTS. O FI-FGTS tem como meta obter uma rentabilidade equivalente à variação da TR mais 6% ao ano, mas a remuneração final deve ser maior, com TR mais 7% ou até 8% ao ano, destaca Tarragó. O FGTS "puro" paga TR mais 3% ao ano.

Como o saldo total das contas vinculadas do FGTS atinge R$ 150 bilhões e a lei permite que até 10% possa ser aplicado no FI-FGTS, o teto potencial de captação é de R$ 15 bilhões. A Caixa, entretanto, calcula que as aplicações vão ficar entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões. Nem todo trabalhador vai querer aplicar", afirmou Tarragó.

Atualmente, o FI-FGTS conta com R$ 9,3 bilhões, recursos que foram aplicados em 55 projetos de infra-estrutura, principalmente na área de energia. Ou seja, os recursos dos trabalhadores serão um reforço em momento importante, no qual há necessidade de dinheiro novo. "Há mais projetos em carteira", admitiu o vice-presidente da Caixa. Os novos projetos representam uma carteira adicional de até R$ 9 bilhões, ou seja, justamente o valor que a Caixa estima ser possível captar para o FI-FGTS com saldo das contas dos trabalhadores.

O FI-FGTS foi criado como um instrumento de apoio ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevendo investimentos em obras nas áreas de energia, rodovias, hidrovias, ferrovias, portos e saneamento. Embora tenham admitido que o novo pacote habitacional foi um dos assuntos discutidos no encontro, os representantes da Caixa negaram-se a comentar o assunto, argumentando que o novo programa de incentivo à área de construção será anunciado pelo ministro da Fazenda.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ayr Aliski)