Título: Oi quer duplicar clientes em cinco anos
Autor: Costa,Thaís
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/01/2009, Ti&Telecom, p. C4

São Paulo, 12 de Janeiro de 2009 - Com a aquisição da Invitel, controladora da Brasil Telecom, quinta-feira última, por R$ 5,3 bilhões, a Oi selou a compra da Brasil Telecom, iniciada com a assinatura de um contrato de intenções em 25 de abril do ano passado.

Na sexta-feira, a Oi anunciou sua meta pretensiosa de duplicar para 110 milhões, em cinco anos, a clientela atual de 53 milhões de usuários, mediante investimentos de R$ 30 bilhões - R$ 6 bilhões ao ano - na manutenção e construção de redes.

O presidente da empresa, Luiz Eduardo Falco, justificou a meta ambiciosa pela necessidade de dispor de escala para competir com as duas operadoras gigantes mundiais que atuam no País, Telmex/América Móvil e Telefónica.

"Embora sejamos grandes para o Brasil, somos três vezes menores que os mexicanos e 8 vezes menores que os espanhóis", comparou. "Precisamos crescer".

Por isso, tem início imediato a corrida da Oi para expandir rapidamente nesse setor consolidado e de capital intensivo. Afinal, segundo Falco, existe um descompasso a ser corrigido pois a Oi figura como 30ª empresa de telecomunicações do mundo, enquanto o Brasil está classificado entre as dez maiores economias mundiais.

O primeiro passo do processo de incorporação será validar com dados reais os planos que foram construídos nos últimos três meses com dados públicos da Brasil Telecom, para acatar limitação regulatória de ingerência operacional antes de o negócio ser efetivamente concluído.

Desafio mais forte

O principal desafio a enfrentar, segundo o presidente, "não é hardware nem software, é peopleware", afirmou Falco referindo-se à gestão de pessoal. Isso por ser uma empresa prestadora de serviços, que depende de criar uma cultura única, percebida por ofertas de serviços homogêneos. "Vamos mostrar o nosso projeto e motivar os funcionários neste semestre", afirmou prometendo que a nova companhia vai se constituir num dos projetos mais sofisticados que o País já viu.

O segundo maior desafio da Oi será, ainda segundo Falco, implantar uma rede gigante de banda larga em todo o País, incluindo locais onde não há energia elétrica nem redes de transmissão. Será um trabalho épico, com resultados igualmente épicos, disse Falco durante conferência de imprensa. "Já chegamos a 4,8 mil municípios brasileiros, do total de 5,3 mil", afirmou. Isso já é grandioso.

Gestão de recursos

Os investimentos anunciados de R$ 30 bilhões em cinco anos somados aos financiamentos já contratados levarão a Oi a intenso movimento de recursos.

"Estaremos o tempo todo captando e fazendo aquisições", disse o principal executivo.

Os recursos para os investimentos deste ano e de 2010 estão disponíveis em caixa, afirmou, mas a troca de dívida vai ocorrer ao mesmo tempo, por isso há necessidade de captações o tempo inteiro.

Mas a Oi nunca deixou de ter crédito, segundo Falco, por isso não se vislumbram problemas apesar da escassez de crédito que decorre da crise financeira internacional.

Mercado de ações

Por imposição da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Oi terá de fazer uma oferta pública de ações (OPA) em 30 dias para poder cumprir a oferta do "tag along" aos sócios minoritários, que estão fora do bloco de controle. Eles terão a oportunidade de vender suas ações por 80% do valor da negociação dos papéis de controle, conforme determina a legislação das sociedades de capital aberto.

Outros passos virão numa cadência normal, avisou Falco referindo-se às exigências da CVM.

Expansão

Os investimentos previstos para o período de 2009 a 2013 estão centrados na construção e manutenção de rede, obedecendo proporção de dois terços e um terço, respectivamente. A distribuição disso pelo território nacional vai acompanhar a demanda constatada em cada região do País. "Não há um número cabalístico. Os recursos são finitos e a vida não é tão simples assim. Mas vamos tentar andar de bracinho dado com o cliente e agradar a todos", afirmou Falco.

A escolha da marca da nova empresa obedece a critérios de racionalidade, sem paixão e sem emoção, disse o presidente. "E a marca Oi tem aceitação monolítica", prevalecendo sobre a Brasil Telecom. A sede da empresa será no Rio de Janeiro. Por outro lado, produtos isolados poderão manter outras marcas, como iG, Velox e BrTurbo.

São Paulo

A entrada em São Paulo, em outubro do ano passado, está sendo considerada um sucesso pela Oi. Em 60 dias foram conquistados 2 milhões de clientes.

A operação ficará restrita à infra-estrutura sem fio, com 2 mil estações radiobase. E a telefonia fixa, se vier, será por meio de redes Wimax, IP ou celular, pois cabear infra-estrutura não teria viabilidade econômica.

"Hoje começa a fase do `Upa¿, de arregaçar as mangas e construir", disse Falco. O time escolhido para acompanhá-lo na largada inclui os executivos Pedro Ripper, diretor de desenvolvimento técnico e estratégico; Francisco Santiago, diretor de operações; Luis Perrone, diretor de assuntos internacionais; Jorge Jardim, diretor de relações institucionais, Júlio Fonseca, diretor de RH, Alex Zornig, diretor financeiro, Eurico Teles, diretor jurídico; George Moraes, diretor de comunicação corporativa; Alain Rivière, diretor de regulamentação; Paulo Gonçalves, diretor de engenharia e TI, Maxim Medvedovsky, diretor administrativo, e João de Deus, diretor de planejamento.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Thaís Costa)