Título: Um político com uma trajetória surpreendente
Autor: Queiroga,Andrezza
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/01/2009, Brasil, p. A7

2 de Janeiro de 2009 - O vice de José Serra era praticamente um desconhecido quando assumiu a prefeitura de São Paulo em 2006. Paulistano nascido no dia 12 de agosto de 1960, Gilberto Kassab, 48 anos, é formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e em Economia pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e até então sua carreira se resumia a alguns cargos públicos assumidos nos anos 90, como vereador pelo extinto PL, e como deputado estadual e federal, bem como ter assumido a secretaria de Planejamento na administração do então prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Mesmo assim, o ele não se intimidou ao assumir a prefeitura nem mesmo ao encabeçar pela primeira vez uma chapa nas eleições para o comando da capital paulista.

Sua campanha, de início, o fez amargurar o terceiro lugar nas eleições e muitos não acreditavam que ele poderia derrotar os concorrentes: Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT). Sua campanha, aliás, foi marcada por um fato histórico: seu partido, o DEM, rompeu com o PSDB, em São Paulo, para apoiar sua candidatura. Enquanto que o partido tucano lançava Alckmin como o candidato de sua chapa. Sua campanha, no primeiro turno, foi uma surpresa. O candidato democrata concentrou seus ataques contra a candidata petista, comparando seus dois anos de mandato com os quatro de Marta, ignorando o concorrente tucano. Seus índices de votação ficavam próximos dos 10%, mas Kassab, aos poucos, reverteu este quadro com maior exposição nas rádios e televisões durante o horário eleitoral gratuito.

Isto deveu-se ao apoio que conseguiu de outros partidos, como o PV e o PMDB. A campanha de Kassab foi alavancada e, aos poucos, seus índices de aprovação foram crescendo. Ele ultrapassou Alckmin e, contrariando todas as expectativas, foi eleito para disputar o segundo turno com a candidata petista. Durante o segundo turno, de início, as pesquisas apontavam vantagem para Marta Suplicy. Entretanto, a campanha ganhou importantes reforços como o apoio do governador do estado, José Serra (PSDB), e do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. O próprio candidato reforçou que, graças ao esforço de Serra, foi possível a aliança entre os dois partidos.

A candidata petista, que contava com o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou, duramente, a vida pessoal e as alianças políticas feitas por Gilberto Kassab durante sua trajetória política. Os ataques acabarem se revertendo a seu favor. Em uma reviravolta, Gilberto Kassab acabou sendo eleito para um mandato de quatro anos com 60,72% dos votos válidos, contra apenas 39,28% da candidata petista.

Entre as propostas do prefeito eleito estão a de investir cerca de R$ 1 bilhão no metrô , renovar a frota de ônibus e manter a tarifa até o final de 2009. Segundo o plano de governo, para a habitação, Kassab pretende implantar um mutirão da legalidade, para intensificar a entrega de títulos de concessão das favelas que já foram urbanizadas. Outra medida seria aumentar a urbanização de cortiços, principalmente na zona central da cidade.

Uma das propostas para a saúde é criar centros de saúde mental, com atendimento psicológico para adultos, jovens e dependes químicos de drogas e álcool. Outra é colocar no ar um portal da saúde, onde todas as informações do setor seriam disponibilizadas. Na educação, o candidato propõe ampliar os recursos do programa Dinheiro Direto na Escola, para que cada unidade escolar possa ter mais autonomia administrativa. Kassab quer também diminuir progressivamente o número de estudantes por sala de aula e expandir a pré-escola para crianças de quatro a cinco anos por uma permanência de seis horas. O democrata pretende, ainda, permitir o acesso à creche a todas as crianças paulistanas.

No turismo, Kassab diz pretender construir uma "fábrica de sonhos" para os carnavalescos de São Paulo, com oficinas de capacitação profissional e agenda de shows, além do Museu do Automóvel em Interlagos, zona sul da capital. Uma das propostas é continuar com o projeto da Virada Cultural.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(A.Q. com agências)