Título: Ataque áereo israelense mata líder do Hamas
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Fonte: Gazeta Mercantil, 02/01/2009, Internacional, p. A11

Gaza, 2 de Janeiro de 2009 - O Hamas informou ontem que Nizar Rayyan, importante líder político do grupo, foi morto em ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza. Mais quatro pessoas, incluindo membros de da família de Rayyan, também foram mortos pelos caças de Israel.

Desde que a ofensiva de bombardeios começou no último sábado, Israel manteve em seu foco principalmente os comandantes do Hamas, mas não seus líderes políticos. Rayyan era declaradamente um defensor de novos ataques suicidas contra o estado judaico.

No primeiro dia do ano, aviões israelenses atacaram prédios do governo na Faixa de Gaza e o Hamas disparou mais foguetes contra os israelenses, depois que os dois oponentes rejeitaram apelos internacionais para um cessar-fogo.

Tropas e tanques israelenses se concentram perto da fronteira do território controlado pelo Hamas. O jornal Haaretz informou ontem que os militares de Israel recomendaram uma ação terrestre em grande escala, mas de curta duração, contra a região.

No sexto dia de conflitos, Israel atacou 20 alvos do Hamas na Faixa de Gaza. Autoridades médicas palestinas afirmaram que três civis foram mortos e 100 pessoas ficaram feridas.

De acordo com o Hamas, as sedes dos ministérios da Educação e dos Transportes foram praticamente destruídas. O Parlamento palestino foi também atingido, segundo o grupo.

Os foguetes do Hamas, por sua vez, atingiram as cidades de Beersheba, Ashdod e Ashkelon. Ainda não há relatos sobre vítimas.

Diplomatas dizem que o mais sangrento conflito na Faixa de Gaza em quatro décadas pode ficar ainda pior. Até agora, os ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 399 palestinos, um quarto deles, segundo dados das Nações Unidas, era formado por civis. Mais de 1.700 ficaram feridos.

Três civis israelenses e um soldado foram mortos por foguetes disparados da Faixa de Gaza, desde que Israel iniciou a ofensiva no sábado, com o objetivo declarado de acabar com esse tipo de ataque.

A pressão internacional por uma trégua se intensificou sobre os dois lados, mas Israel afirmou que não era realista uma proposta francesa por um cessar-fogo de 48 horas, para assim permitir a chegada de ajuda humanitária para os moradores de Gaza.

Em Nova York, o Conselho de Segurança das Nações Unidas teve uma reunião emergencial, mas não tomou nenhuma decisão. Os países árabes defendiam um cessar-fogo imediato, mas os países ocidentais classificaram a resolução redigida pelos árabes como parcial e disseram que as negociações continuariam para que se chegasse a um acordo.

A França declarou que receberia a ministra do Exterior de Israel, Tzipi Livni, ontem e uma autoridade israelense disse que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, planejava uma visita a Jerusalém na segunda-feira.

Uma rádio israelense descreveu a mobilização das tropas do país na fronteira da Faixa de Gaza, posicionando-se para uma possível ofensiva terrestre. "Isso é só o começo", afirmou o vice-ministro da Defesa, Matan Vilnai, a uma rádio.

"Estamos operando agora com o objetivos que dissemos no início, nada mudou. O objetivo é levar um grande prejuízo ao Hamas. O grupo já está ferido", complementou.

O vice-ministro disse que Israel insiste que os todos os ataques a foguete de Gaza cessem.

Os ataques a Gaza, iniciados depois do fim de uma trégua de seis meses, podem afetar o resultado das eleições em Israel, marcadas para 10 de fevereiro.

Uma pesquisa publicada no diário Haaretz mostra que 52% dos israelenses defendem os ataques a Gaza. Apenas 20% querem um cessar-fogo.

O líder do Hamas Ismail Haniyeh declarou que os ataques israelenses devem parar antes que propostas de trégua sejam avaliadas. Segundo ele, Israel precisa suspender o bloqueio econômico a Gaza e abrir as fronteiras.

O governo israelense aprovou a convocação de 2.500 reservistas, o que amplia o contingente de 6.500 já convocados.

Em Gaza, o estoque de alimentos é reduzido, e há apagões. Os hospitais têm dificuldades para atender o grande número de feridos.

Israel afirmou ontem que vai manter a permissão para a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Mais de 90 caminhões com comida e remédios foram autorizados entrar no território.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Reuters)