Título: Saldo de palestinos mortos em Gaza ultrapassa 900
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Fonte: Gazeta Mercantil, 13/01/2009, Internacional, p. A11
Gaza e Jerusalém, 13 de Janeiro de 2009 - Soldados israelenses trocaram fogo com combatentes do Hamas ontem, mantendo a pressão militar sobre o grupo islâmico, mas evitando um confronto urbano total que complicaria os esforços diplomáticos em andamento para pôr fim à guerra em Gaza.
Profissionais da área médica afirmaram que o total de mortos palestinos desde o início da ofensiva israelense há 17 dias ultrapassou os 900 e inclui ao menos 380 civis. Israel diz que morreram três civis israelenses, atingidos por foguetes do Hamas, e 10 soldados.
Ao longo das frentes de batalha nos subúrbios da cidade de Gaza, soldados israelenses e militantes do Hamas se confrontaram em violentos combates.
Moradores e jornalistas locais disseram que as tropas e tanques israelenses tomaram posições em áreas abertas. Entre os alvos atingidos por ataques aéreos, estão as residências de líderes do Hamas, que, segundo Israel, continham estoques de armas.
Viagem de Amorim
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, seguiu para a Cisjordânia ontem, dando continuidade à sua viagem pelo Oriente Médio, com o objetivo de contribuir com os esforços internacionais para alcançar uma trégua na Faixa de Gaza - e, de quebra, ilustrar a imagem de "neutralidade" de Brasília e reforçar o papel de mediador de seu país. Desde domingo, Amorim visitou Síria, Israel e Cisjordânia. Hoje, viaja para a Jordânia e depois para o Egito, etapa incluída no último momento.
A maratona tem como meta principal aportar um impulso extra à diplomacia internacional, que se esforça para conseguir convencer Israel e Hamas a aceitar a resolução do Conselho de Segurança da ONU e encerrar o conflito - pelo menos, temporariamente.
"A tarefa mais urgente é conseguir um cessar-fogo. A resolução da ONU deve ser cumprida", disse o chanceler ontem, após encontrar-se em Ramalah com o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad.
O Brasil defende o fim das hostilidades desde o início da ofensiva israelense em Gaza contra o Hamas, no dia 27 de dezembro, considerando "desproporcional" a reação militar israelense aos disparos de foguetes do Hamas contra seu território. Segundo Amorim, o povo brasileiro deseja manifestar "seu sentimento de solidariedade em relação aos palestinos, porque são eles que mais estão sofrendo".
Em Ramalah, Amorim reuniu-se também com o chanceler palestino, Raid Malik. A opinião de Brasília em relação ao conflito é de que um grande número de países deve se envolver para "propiciar um clima de paz e convivência", declarou o chanceler brasileiro ontem, ao término de sua reunião com a ministra das Relações Exteriores israelense Tzipi Livni.
Neste sentido, o governo brasileiro procura se colocar como interlocutor chave no tabuleiro internacional. Seus argumentos para entrar na liga de atores internacionais na região se baseiam tanto em seu histórico "pacifista" como em sua "falta de interesses" nacionais na região, explicou Amorim. "O Brasil não é nenhuma ex-potência colonizadora, não foi ator da Guerra Fria e nem sequer possui campos de petróleo aqui. Isso demonstra a autenticidade de suas intenções diplomáticas no Oriente Médio", alegou.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Reuters e AFP)