Título: Bush se despede realçando suas conquistas e admitindo erros
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Fonte: Gazeta Mercantil, 13/01/2009, Internacional, p. A12
Washington, 13 de Janeiro de 2009 - George W. Bush admitiu erros ontem, durante sua última entrevista coletiva como presidente dos Estados Unidos, mas defendeu com força a ação nos aspectos mais polêmicos de seus dois mandatos, como o Iraque, a economia ou o furacão Katrina.
Oito dias antes da posse de Barack Obama, Bush comentou os "erros" e as "decepções" que o marcaram como presidente.
Bush também se insurgiu contra a idéia de que a imagem dos Estados Unidos no mundo se deteriorou muito durante seus mandatos. Ele alegou que a situação no Iraque, ameaçado então pela guerra civil, mudou graças a sua decisão de enviar reforços. Sobre a economia, num momento em que o país está à beira de uma das piores recessões desde os anos 30, o presidente americano disse que seu governo tomou "medidas extraordinárias".
"Há muitas críticas nesse meio. Entendo isso. Agradeço a vocês por me darem a chance de defender um balanço, que vou continuar defendendo porque acredito que é um bom balanço, e um balanço forte", declarou Bush.
"Disse muitas vezes que caberá à História olhar para trás e determinar os erros e acertos que fiz", prosseguiu um dos presidentes mais impopulares da história dos Estados Unidos.
"Missão cumprida", um erro
Aparecer em 2003 no convés de um porta-aviões diante de uma faixa com a inscrição: "Missão cumprida", quando os americanos ainda iam passar por graves apuros no Iraque, foi "claramente" um erro, admitiu. Sua retórica, descrita por seus detratores como a de um "caubói" ante os extremistas, foi outro erro, reconheceu.
Bush também se referiu à decisão de empreender um reforço da previdência social num momento inadequado. Ele mencionou suas "decepções", citando como as duas piores o escândalo dos abusos cometidos por americanos na prisão iraquiana de Abu Ghraib, e o fato de não ter encontrado no Iraque as armas de destruição em massa que serviram de pretexto para a invasão.
"Não sei se vocês querem chamar isso de erros, mas são coisas que, digamos, não aconteceram da forma prevista", comentou.
"Não concordo, porém, com a afirmação segundo a qual nossas posições se deterioraram no que diz respeito à ética", ressaltou, num momento em que a equipe de Obama transformou a restauração da imagem dos Estados Unidos no mundo em um de seus principais objetivos.
Obama quer US$ 350bi
O governo de Barack Obama, que está para assumir a presidência, solicitou ao Congresso os US$ 350 bilhões de dólares restantes do pacote de resgate ao setor financeiro de US$ 700 bilhões.A promessa é de mais americanos beneficiados diretamente pelo plano e de limites mais rigorosos sobre as companhias que obtiverem a ajuda do governo.
Ainda ontem, Obama pediu ao presidente George W. Bush acesso à metade restante do plano de ajuda. Bush, que deixa a presidência em oito dias, concordou com a liberação, segundo a Casa Branca. Obama vai dirigir sua equipe para assegurar que a ajuda chegue a bancos menores, ao comércio e municípios.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(AFP e Reuters)