Título: Obama retomará uma política vigorosa com a AL, diz Hillary
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Fonte: Gazeta Mercantil, 14/01/2009, Internacional, p. A12

Washington, 14 de Janeiro de 2009 - A futura secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, afirmou ontem, ante ao Senado norte-americano, que o governo de Barack Obama retomará uma política de associação vigorosa com a América Latina.

"Em todo o hemisfério, temos oportunidades para melhores nossas relações, de forma a beneficiar todos, e voltaremos à política de participação vigorosa, de associação, com a América Latina", afirmou Hillary, durante audiência para a sua confirmação no cargo. "Compartilhamos de interesses políticos, econômicos e estratégicos comuns com nossos amigos do sul, assim como muitos de cidadãos compartilham legados ancestrais e culturais."

Especificamente com o México, terceiro sócio comercial dos EUA, "devemos construir uma associação mais profunda para enfrentar os perigos compartilhados e os desafios de nossa fronteira, esforço iniciado esta semana".

Hillary referiu-se assim ao encontro que Obama teve com o presidente mexicano Felipe Calderón, anteontem, na primeira entrevista de um presidente com o substituto de George W. Bush na Casa Branca. É costume entre o México e os EUA, desde os anos 1980, que o presidente mexicano seja o primeiro chefe de Estado a se reunir com o novo presidente americano antes de tomar posse.

Hillary disse também que o governo Obama não descartará nenhuma opção ao lidar com o Irã, mas que há intenção de adotar " uma abordagem nova, talvez diferente" em relação ao programa nuclear do país. "O que tentamos até agora não funcionou", disse ela na sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Questionada se tal revisão incluía a abertura de representação diplomática em Teerã, algo que o governo Bush chegou a propor, mas não realizou, ela disse que sim. "Vamos nos voltar para eles com mais diligência e atenção", afirmou ela, sem citar prazos. "Nenhuma opção está descartada", ressaltou Hillary, usando uma expressão que habitualmente se refere à possibilidade da ação militar.

A ex-primeira-dama também defendeu uma diplomacia reconciliadora com o restante do mundo. Descartou, no entanto, "categoricamente", qualquer diálogo com o Hamas, enquanto o grupo radical palestino não tiver reconhecido Israel como Estado e desistido da violência. "Essa é uma questão básica para mim."

"Os EUA não podem resolver somente os problemas mais urgentes do mundo e o mundo não pode resolvê-los sem os Estados Unidos", afirmou. "A potência americana deixou a desejar, mas continua sendo desejada."

Quanto ao conflito em Gaza, Clinton indicou que Obama fará todos os esforços pela paz entre israelenses e palestinos. "O presidente eleito e eu entendemos e somos profundamente compreensivos com o desejo de Israel de se defender nas atuais circunstâncias e de se livrar dos foguetes do Hamas."

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(AFP e Reuters)