Título: Confusão, spray e detenções
Autor: Abreu, Diego ; Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2011, Política, p. 12

A Visita de obama Protesto de manifestantes contrários à visita de Barack Obama em frente ao Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro termina em confronto dos militantes com a polícia. Houve disparos de balas de borracha, uso de bombas de efeito moral e 14 pessoas acabaram presas

Um protesto liderado por militantes de partidos de esquerda contrários à visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terminou em tumulto ontem à noite, no Rio de Janeiro. Mesmo não autorizados pela Polícia Militar e pela prefeitura a fazer a manifestação, cerca de 200 pessoas seguiram até o Consulado norte-americano, na Avenida Presidente Wilson, no Centro do Rio, para gritar palavras de ordem contra a política dos EUA. Tudo transcorria bem até os manifestantes lançarem duas bombas de coquetel molotov no prédio do consulado.

Os policiais reagiram violentamente. Lançaram bombas de efeito moral e spray de pimenta. Os PMs também atiraram com balas de borracha em direção aos manifestantes que se aglomeraram no local. Durante o tumulto, o vigilante do consulado Rodolfo Gomes Pereira, de 26 anos, foi atingido por um dos coquetéis. Ele teve a roupa incendiada e foi levado às pressas, com queimaduras, para o Hospital Souza Aguiar.

Um repórter da rádio CBN também saiu levemente ferido, por ter sido atingido por uma bala de borracha. A polícia requisitou imagens do sistema de segurança do consulado para tentar identificar os responsáveis pelas bombas que deram início ao confronto. A confusão resultou na interrupção do trânsito por alguns minutos e na prisão de pelo menos 14 pessoas. A manifestação teve início por volta das 16h, quando o grupo formado por militantes do PSTU, PCdoB, PT e PDT, além de estudantes, se aglomerou em frente à Igreja da Candelária, distante poucos quarteirões do consulado.

De acordo com relatos de policiais que faziam a segurança do local, os manifestantes descumpriram o acordo de ficar apenas em frente à Candelária. Eles seguiram, no início da noite, em direção ao consulado e ocuparam duas faixas da Avenida Rio Branco.

O incidente ocorrido na capital fluminense causou desconforto à embaixada norte-americana, que não escondeu ter ficado preocupada com o fato. Manifestações pontuais devem dividir os holofotes pela visita de Obama ao Brasil. Assim que o ocupante da Casa Branca pisar na Base Aérea de Brasília, hoje de manhã, uma série de protestos percorrerão o trajeto até o Palácio do Planalto e o acompanharão até o Rio.

Organizações sociais, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), sindicatos e partidos políticos pretendem criticar a posição norte-americana em relação à América Latina. Já familiares de vítimas do voo 1907 pedirão a intervenção de Obama no julgamento dos pilotos Joseph Lepore e Jean Paul Palladino, que comandavam o jato Legacy quando ele se chocou contra um avião da Gol, em 2006. Aproveitando a visibilidade pela visita de Obama ao país, o Greenpeace deu início ontem a manifestações pedindo o fim dos investimentos em energia nuclear pelo governo brasileiro.