Título: CUT descarta redução salarial e suspensão temporária de contrato
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/01/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 15 de Janeiro de 2009 - A tentativa de acordo entre a Força Sindical e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o objetivo de evitar um grande número de demissões no início deste ano, dividiu as duas maiores centrais sindicais do País. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força, que juntas representam quase 30 milhões de trabalhadores sindicalizados e congregam mais de 60% de todos os sindicatos brasileiros filiados a uma central sindical, discordam na proposição de alternativas às demissões, ocasionadas pelo desaquecimento da economia verificado no final do ano passado, que deve se agravar no início deste ano.

Um dos principais pontos da discussão é a redução de jornada com corte de salário, hipótese aceita pela Força e refutada pela CUT. Artur Henrique Silva, presidente nacional da CUT, criticou a tentativa de acordo entre Força e Fiesp, afirmando que "há outros mecanismos de negociação e diálogo com o empresariado que podem ser utilizados com criatividade, mas que tenham como prePaulo Skafmissa a manutenção da renda e do emprego". Para Silva, a Força estaria estabelecendo uma "agenda negativa" ao tratar as demissões como algo inevitável, ao invés de defender o emprego e discutir alternativas para o crescimento econômico.

Desoneração anticíclica

Algumas das alternativas aos cortes, previstas em lei, são defendidas por ambas as entidades, como o aumento da concessão de férias coletivas ou a redução do número de horas trabalhadas. Mas a CUT não aceita a diminuição de salários, e também descarta a suspensão temporária dos contratos de trabalho, alternativa considerada pela Força. Silva prefere concentrar esforços em discutir uma jornada flexível, com "uma redução da jornada nos três primeiros meses deste ano, com manutenção dos salários, e posteriormente, com a retomada da economia, a jornada seria aumentada, e também nesse caso seriam mantidos os salários".

Outro proposta levantada pela CUT é a desoneração "anticíclica" da folha de pagamento. O objetivo seria a redução por três meses dos encargos sobre a folha, como a contribuição para a previdência social. "O governo teria que aportar recursos para que não fosse criado um rombo na previdência, e após o período de turbulência, os encargos devidos seriam pagos normalmente pelo empregador, mas este só poderia utilizar este benefício se garantisse o emprego", explicou Silva. Ele diz que com isso a entidade quer mostrar que está aberta ao diálogo com o empresariado, e também busca ampliar a interlocução com o governo.

Contrapartidas

No final de 2008 a CUT reuniu-se com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), propondo que o banco exija contrapartidas ao emprestar dinheiro com juros subsidiados. "Sugerimos que houvessem condições mais favoráveis para aqueles que garantirem a manutenção do emprego", disse Silva, acrescentando que a idéia foi bem recebida, e será analisada pelo banco no início deste ano. A central sindical levará a proposta, ainda este mês, para os demais bancos oficiais, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(