Título: Geithner pede mais tempo para dar detalhes do plano
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Fonte: Gazeta Mercantil, 15/01/2009, Internacional, p. A9

Washington, 12 de Fevereiro de 2009 - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse ao Congresso que precisa de tempo para elaborar os detalhes de sua estratégia para sustentar a indústria financeira, um dia depois de os analistas e o mercado financeiro repreenderem o plano inicial.

"Eu entendo completamente o desejo por detalhes e compromissos", disse Geithner aos legisladores na Comissão de Orçamento do Senado em Washington. "Mas vamos fazer isso com cuidado, consultar cuidadosamente, de maneira a não nos colocar na posição novamente em que há desvios e mudanças rápidas de estratégia", acrescentou.

O índice Standard & Poor''s 500 despencou 4,9% anteontem, a maior queda em três semanas, depois de Geithner revelar os planos para tratar os ativos tóxicos sem uma explicação de como vão funcionar. Parte das perdas foram revertidas no pregão de ontem, após o índice fechar em alta de 0,8¨%.

O programa de Geithner tem três elementos principais: injetar capital federal novo em algumas das maiores instituições financeiras do país; estabelecer uma parceria público-privada para comprar US$ 1 trilhão em ativos podres dos bancos; e dar início a uma linha de crédito com o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) de U$ 1 trilhão para promover os empréstimos aos consumidores e empresas.

Os senadores ontem pressionaram Geithner para saber quanto dinheiro mais ele pode tentar obter para o fundo de resgate financeiro do Tesouro de US$ 700 bilhões, rebatizado ontem de Plano de Estabilidade Financeira. O secretário disse que autoridades estão avaliando se e quanto será necessário, enquanto elaboram os detalhes de sua estratégia.

"Vocês estão incumbidos de logo nos ajudar a entender se fundos adicionais vão ser necessários e em qual quantidade", disse o senador Kent Conrad, da Dakota do Norte, que preside o painel de orçamento. Ele chamou a atenção contra qualquer repetição dos "asteriscos" nos pedidos orçamentários da administração, que deixaram os custos da guerra do Iraque sem explicação nos anos passados.

"Faremos isso o mais rápido possível", respondeu Geithner. Até agora cerca de US$ 387 bilhões do fundo de US$ 700 bilhões anteriormente conhecido como TARP (Troubled Assets Relief Program, ou programa de recuperação de ativos problemáticos) foram gastos, ele disse.

As autoridades disseram anteontem que podem levar meses para estabelecer o fundo que vai comprar títulos ilíquidos. Nenhum investidor privado se comprometeu até agora, informaram a repórteres em Wash-ington. O Fed ainda tem de dar início ao esforço de estimular novos empréstimos oferecendo crédito aos investidores em títulos garantidos por novos empréstimos para cartão de crédito, automóveis e estudantes.

Riscos

O risco é de que a reação dos investidores sabote o plano antes de ele ser iniciado, forçando Geithner a mudar sua abordagem como resposta - posição na qual seu predecessor no Tesouro, Henry Paulson, frequentemente se encontrava.

Isso pode significar que o plano "pode acabar sendo um passo intermediário", disse Kenneth Rogoff, ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional que agora é professor em Harvard. " Geithner fez um excelente trabalho ao falar de uma maneira geral sobre os problemas a serem enfrentados, mas provocou uma grande frustração ao não revelar maiores detalhes", disse Rogoff.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao falar no dia 9 de fevereiro em uma coletiva de imprensa, disse ser importante que o governo recupere a confiança do investidor no sistema financeiro. "Temos de recuperar a confiança do investidor para que o capital privado volte", disse Obama.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Bloomberg News)