Título: BC promete linha para empresa este mês
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/01/2009, Finanças, p. B1

Brasília, 15 de Janeiro de 2009 - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, garantiu ontem em Nova York que ainda este mês terá início o repasse de dólares para a linha de crédito de US$ 20 bilhões com recursos das reservas internacionais para ajudar empresas brasileiras que têm dívidas em moeda estrangeira. As declarações de Meirelles foram dadas durante reunião da Câmara Brasileira-Americana de Comércio.

A estratégia de liberar recursos das reservas havia sido anunciada pelo próprio Meirelles em 10 de dezembro, durante o anúncio do pacote de estímulo à economia brasileira que envolveu também a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito ao consumidor e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos. Na ocasião, o presidente do BC afirmou que a linha contaria com cerca de US$ 10 bilhões, mas em conversas reservadas Meirelles admitia liberar até US$ 20 bilhões para essa nova modalidade de crédito.

Na prática, o sistema fará com que o BC repasse dólares das reservas brasileiras para bancos, que por sua vez emprestarão o dinheiro às empresas. A operação tem como base regulatória a Medida Provisória nº 442, que já havia permitido empréstimos de dólares das reservas para financiar as exportações. O site do Banco Central indica que as reservas, conforme posição de 13 de janeiro, somavam US$ 205,2 milhões. Em sua apresentação, Meirelles destacou também medidas que já foram adotadas para combater os efeitos da crise financeira mundial, como os contratos de swap cambial e vendas diretas de dólares no mercado interno.

Na exposição realizada ontem em Nova York, Meirelles apresentou dados sobre a administração das contas brasileiras, destacando medidas como a redução da dívida externa, aquisição de moeda estrangeira para reforço das reservas internacionais e redução da dívida interna atrelada ao câmbio. A idéia era mostrar que o Brasil está forte para resistir à crise financeira internacional e que os reflexos da turbulência financeira provocaram um contágio leve, sem grandes estragos.

Meirelles destacou que atualmente a dívida pública não aumenta quando há depreciação da moeda nacional. O presidente do BC destacou que, em setembro de 2002, uma depreciação de 10% do câmbio gerava um aumento da relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB) de 3,1 pontos percentuais. Atualmente, a mesma depreciação reduz a relação dívida / PIB em 1,3 ponto percentual.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Ayr Aliski)