Título: Altos e baixos da influência
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2011, Política, p. 14

Na década de 1930, logo após o golpe militar de 1964 e no governo Collor, no começo de 1990, a influência econômica, política e cultural dos Estados Unidos no Brasil foi avassaladora. Mesmo assim, esse americanismo foi mitigado pela herança ibérica, que se consolidou na Era Vargas. Até o bipartidarismo consentido dos militares, que extinguiram os partidos e criaram a Arena e o MDB para americanizar a política brasileira, fracassou porque a sua essência não era muito diferente dos regimes fascistas de Franco, na Espanha, e Salazar, em Portugal. Não gozavam da liberdade de expressão e de imprensa que caracterizam a democracia americana.

Norte-americano naturalizado brasileiro, o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), também registra os altos e baixos da influência dos Estados Unidos no Brasil. ¿A influência cultural continua muito forte, o que pode ser constatado nos cinemas, nas livrarias e na mídia. Muitos até exageram e chamam isso de imperialismo cultural¿, afirma Fleisher. Na economia, houve mudanças importantes: embora as empresas norte-americanas continuem tendo uma forte presença no Brasil, da pasta de dente ao automóvel, o que se destaca hoje é a presença dos produtos made in China.

Fleischer ressalta que Obama vem ao Brasil três meses após a posse da presidente Dilma Rousseff, quando a tradição é o presidente recém-eleito visitar a Casa Branca. ¿É um sinal de reaproximação entre os dois países de outro ponto de vista, pois o ex-presidente Lula e Obama haviam se distanciado, principalmente depois do acordo com o Irã. A presidente Dilma Rousseff sinalizou essa reaproximação na entrevista que deu ao jornal Washington Post. ¿Na próxima semana, haverá uma votação importante sobre o Irã no Conselho de Segurança da ONU. Vamos ver se houve mesmo uma reaproximação entre os Estados Unidos e o Brasil¿, adverte.