Título: Roullier não espera nova queda de preços
Autor: Cigana,Caio
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/01/2009, Agronegócio, p. B9

Porto Alegre, 15 de Janeiro de 2009 - O grupo francês Roullier, que terá a partir de agora a sua divisão agropecuária sob a marca Timac Agro, não acredita em novas quedas de preços dos fertilizantes no Brasil, como o observado no final do ano passado. O presidente da empresa no País, Alain Fossoux, acredita que as cotações vão subir em comparação com as praticadas nos últimos meses do ano. Segundo ele, da formulação NPK, apenas o nitrogênio apresentou uma queda significativa nos preços por ser derivado do petróleo, o que em parte é ainda anulado pelo câmbio.

Fossoux diz que, no caso do fósforo e do cloreto de potássio, os principais países produtores estão tomando medidas como o corte da produção para manter os patamares de valores. "Baixou um pouco o preço, mas me parece que a vontade de baixar não é muito maior", diz o executivo. Segundo ele, o preço dos fertilizantes caiu cerca de 10% no último trimestre de 2008, quando o mercado se retraiu, mas a tendência é que reajam. Fossoux lembra que a venda de fertilizantes no Brasil até setembro vinha crescendo 7% em comparação a 2007, mas com a retração das vendas no final do ano a comercialização em 2008 acabou sendo 9% inferior ao exercício anterior, totalizando 22,3 milhões de toneladas. A previsão da (Associação Nacional para Difusão de Adubos) Anda para 2008 era de 24,7 milhões de toneladas.

Apesar de o mercado permanecer parado, Fossoux acredita que 2009 apresentará um volume de vendas semelhante ao de 2008. "O primeiro trimestre será fraco, mas já dá pra esperar um segundo semestre melhor com a reação dos preços da soja e o câmbio", diz ele, prevendo uma renovação do ânimo dos agricultores.

As compras no primeiro semestre devem ser inferiores à média de 30%, o que poderá causar problemas de logística na segunda metade do ano para entregar toda a demanda a tempo. Fossoux acredita que a Timac pode até ganhar mercado este ano em virtude dos altos estoques da concorrência, com consequente dificuldade de caixa.

Com fábricas em Rio Grande (RS), Candeias (BA) e Santa Luzia do Norte (AL) que somam uma capacidade instalada de 1 milhão de toneladas/ano, a Timac diz que a estratégia para os próximos dois anos é ampliar presença no Paraná, Minas Gerais e Goiás. Mas o principal alvo é o mercado paranaense. "É a prioridade das prioridades", diz Fossoux. Existe a possibilidade de a empresa decidir pela construção de uma quarta fábrica no Brasil nos próximos anos, e o Porto de Paranaguá seria um dos locais preferidos pela empresa. Outra possibilidade cogitada pelo grupo Roullier, caso apareça uma oportunidade, é realizar aquisições.

O grupo Roullier, que tem um faturamento global na casa dos dois bilhões de euros, teve ano passado no Brasil uma receita de R$ 760 milhões, 43% a mais do que 2007. A Divisão Agropecuária responde por 60% do faturamento mundial do grupo. A marca Timac Agro foi escolhida por ser o nome original do conglomerado quando foi fundado na França, há mais de 50 anos.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 9)(Caio Cigana)