Título: Lições de 1937 podem ser usadas na crise atual
Autor: Freitas Jr, Osmar
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/01/2009, Internacional, p. A14

19 de Janeiro de 2009 - Em 1937 o então presidente Franklin D. Roosevelt ainda estava longe de um porto seguro para sair da crise econômica. Preocupado, John Maynard Keynes passou a escrever - e publicar - cartas ao líder americano, fazendo avaliações e sugerindo rumos. Um destes textos - agora na Biblioteca Presidencial de F.D.R, em Nova York - é significativa dos ensinamentos do economista inglês. Nela ele explica: "A recessão atual é parcialmente motivada por um erro de otimismo, que levou a superestimação da demanda futura, quando os pedidos estavam sendo feitos no começo deste ano ( 1937) . Caso isso fosse todo o problema, não seria muito grave. Seria apenas preciso tempo para se fazer reajustes. Mas não estou tão certo de que o problema se resuma a isso", disse. Numa análise que poderia ser repetida hoje.

Ainda na mesma carta, o economista dá receita resumida para a saída da crise: "(i) Solução dos problemas de crédito e insolvência, e o estabelecimento linhas de fácil obtenção de recursos de curto-prazo. (ii) Criação de um sistema adequado de auxílio aos desempregados. (iii) Patrocínio de serviços públicos e outros investimentos (como em infra-estrutura) com fundos e garantias governamentais. (iv) Investimento em bens instrumentais exigidos para suprir a demanda por bens de consumo".

Os tópicos ressoam nesta crise. Keynes não acreditava que a oferta cria sua própria demanda. Discordava da teoria do "laissez-faire" - de resistência à intervenções do estado no mercado, entendido por alguns teóricos como "auto-regulável". E, ao contrário do que gritam economistas conservadores e alguns políticos republicanos, suas recomendações não visavam "acabar com o capitalismo". Nunca pregrou a estatização dos meios de produção como solução final, mas sim a intervenção do Estado que procuraria unir altruísmo social, com a liberdade de iniciativa privada. E o consenso de Washington, hoje, é que esta é a única estratégia à mão para combater a crise.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(Osmar Freitas Jr. Nova York)