Título: Lula pede que Obama não tenha preconceitos
Autor: Batista,Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/01/2009, internacional, p. A20

MACHIQUES (Venezuela) e Brasília, 19 de Janeiro de 2009 - O novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve olhar para a América Latina "sem preconceitos" e retirar o "bloqueio perverso" imposto a Cuba, que "não tem nenhuma explicação", pediu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última sexta-feira.

" Que olhe para a América Latina com uma visão democrática e de simpatia. Que não veja aqui a região dos anos 60, e sim uma região que aprendeu a viver em democracia, a se desenvolver, a cuidar dos pobres (...) Com uma visão de chefe de Estado, sem preconceitos", afirmou.

Obama "não precisa fazer nenhum gesto. Basta acabar com o bloqueio perverso que impediu que a revolução seguisse sua trajetória normal", insistiu. "Não há mais explicações, não existe nenhuma: nem política, nem sociológica, nem científica para que o bloqueio continue. É uma questão de gesto, principalmente porque Obama também venceu as eleições com os cubanos de Miami", afirmou.

Lula fez as declarações durante reunião na cidade de Machiques (oeste da Venezuela) com seu colega Hugo Chávez com o objetivo de aumentar a cooperação bilateral. Ambos os países assinaram 12 novos acordos de cooperação nos âmbitos de agricultura e energia.

Os convênios incluem ainda a venda de combustível venezuelano para o Brasil. A Venezuela se comprometeu a fornecer dois carregamentos mensais de 240 mil barris e outro de 120 mil barris de gasolina natural ao longo de 2009, assim como um carregamento mensal de 240 mil barris de combustível de aviação.

Além disso, foi firmado um convênio para a construção de fábricas de fertilizantes na Venezuela e houve a renovação de um acordo para o fornecimento de 660 mil toneladas métricas anuais de coque. "O acordo que temos com a Venezuela é que o Brasil está disposto a transferir nossa tecnologia da revolução agrícola dos anos 1960 para que a Venezuela faça também a sua revolução agrícola", disse Lula.

Embora o comércio bilateral tenha aumentado em 2008 pelo quinto ano consecutivo, registrando um crescimento de 12%, a balança é desfavorável à Venezuela, que importou bens no valor de US$ 5,1 bilhões no total das transações entre os dois países, segundo a Federação de Câmaras de Comércio Brasil-Venezuela.

Lula retornou na sexta-feira à noite para Brasília após a reunião bilateral com Chávez. Ele chegou à Venezuela na quinta-feira à noite, procedente da Bolívia. Hoje, o presidente brasileiro deve se encontrar hoje com o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Yang Jiechi, que permanecerá no Brasil até amanhã. De acordo com informações do Palácio do Planalto, a reunião será logo após o encontro do ministro chinês com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, no Palácio do Itamaraty.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 20)(AFP e Agência Brasil)