Título: Mercado de disfunção erétil recupera vigor
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Fonte: Gazeta Mercantil, 28/01/2009, Indústria, p. C4
São Paulo, 28 de Janeiro de 2009 - Depois de ver seu movimento baixar 3% em 2007, o mercado de disfunção erétil voltou a mostrar vigor em 2008. Ao todo foram comercializadas 6,89 milhões de unidades deste tipo de medicamento, o que representa um crescimento de 5,4% em relação ao período anterior. Em valores os números subiram ainda mais, atingindo alta de 15%, movimentando US$ 259,5 milhões. Em cinco anos, este mercado praticamente dobrou em valor, com crescimento de 110%, e ampliou em 24,2% o volume. Os números, levantados pelo instituto de pesquisa IMS Health, só confirmam que os laboratórios já sabem: que os pacientes estão consumindo produtos mais caros.
No topo da lista está o Cialis, que se consolidou como o campeão de vendas no último ano e o segundo medicamento mais vendidos, perdendo apenas para Dorflex (que se encaixa na categoria de analgésico, a maior do mercado farmacêutico). Por tudo isso, o ano entra para a história da Eli Lilly como um marco na estabilização da liderança conquistada no final de 2007. Em outubro de 2008, o medicamento atingiu uma participação 43,5%, segundo o diretor de marketing da Lilly, Luciano Finardi. "Esse é o resultado do trabalho intenso que fizemos junto aos médicos", afirma o executivo. Enquanto o rival Viagra, da Pfizer, reinava absoluto, a Lilly traçou uma estratégia de corpo-a-corpo intenso junto à comunidade médica, levantando a bandeira não apenas da questão sexual como também da saúde dos pacientes.
"Sabemos que há uma massa de homens que não se trata e, pior, não percebe que a disfunção erétil pode ser sinal de problemas vasculares mais sérios", explica Finardi. O movimento deu tão certo que para este ano a empresa deve elevar sua verba em 10% a 20% para intensificar ainda mais este trabalho.
Mas a Pfizer, que abriu esse mercado há 10 anos, nem pensa em deixar o caminho livre para a Lilly. A gigante mundial dos medicamentos, pioneira no segmento com o Viagra, que se tornou sinônimo da categoria, também resolveu intensificar o contato com os médicos. Segundo o diretor da unidade de negócios de cuidados primários da Pfizer, Adilson Montanero, no ano passado, a empresa realizou uma grande pesquisa mundial sobre sexualidade, dentro do Projeto Mosaico, e os dados desse estudo já fazem parte do material que a comunidade médica está recebendo. Além disso, ainda conta com a força da marca e o preço 20% mais barato que o concorrente.
Mesmo sem revelar os valores investidos, o executivo afirma que de janeiro a dezembro de 2008, o faturamento só com o Viagra chegou a US$ 89,2 milhões, 6,5% a mais que em 2007. "Pagamos o preço de sermos pioneiros e agora estamos trabalhando para recuperar a liderança, com a vantagem de ter um produto que representa o segmento", diz o executivo. O medicamento representa hoje 19,3% do faturamento da Pfizer Brasil, segundo levantamento do IMS (que considera somente o canal farmácia). Em todo o mundo, as vendas de Viagra atingiram US$ 1,93 bilhão, crescimento de 10% relação a 2007, o que coloca o medicamento no quarto lugar em faturamento da Pfizer mundial.
Na outra ponta da estratégia está o combate à pirataria, uma vez que o comprimido azul é um dos mais copiados do mercado. Para isso, a Pfizer lança no final de fevereiro o Viagra em nova embalagem. "Vamos mudar a apresentação para ampliar a segurança para o paciente", diz Montanero, admitindo que a medida também deve assegurar receita para empresa, que vinha sendo roubada pelo produto paralelo.
Correndo por fora da briga das multinacionais, o laboratório Cristália também aproveitou o crescimento de 2008 para se firmar. Após o lançamento, há 10 meses, o primeiro com formulação brasileira no segmento já figura em quinto lugar, atrás do Levitra, da Bayer, e do Vivanza da Medley - produtos "gêmeos", uma vez que a Medley distribui a substância no Brasil. "O Helleva é fruto de pesquisa nacional e, por ser 25% mais barato, permite o acesso a uma fatia maior da população", explica diretor comercial do Cristália, Rogério Frabetti. A empresa, assim como as concorrentes internacionais, parte para a conquista médica, ampliando o número de representantes de 160 para 260 pessoas.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Anna Lúcia França)