Título: Recessão agrava situação da Califórnia, que está quase falida
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/01/2009, Internacional, p. A9

Sacramento (EUA), 30 de Janeiro de 2009 - O déficit orçamentário que aparece na calculadora gigante instalada do lado de fora do gabinete do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, aumenta num ritmo de US$ 500 por segundo: duramente castigado pela recessão, o Estado pode quebrar na próxima semana.

"O relógio do déficit", que o governador mandou colocar em seu gabinete, em Sacramento, capital do estado que governa há mais de cinco anos, chegará em breve aos US$ 40 bilhões. As autoridades locais afirmam que "a crise orçamentária deixou nosso estado à beira do desastre".

A Califórnia é o estado mais rico e populoso dos Estados Unidos, com 36,5 milhões de habitantes. Do tamanho da Itália, se fosse um país independentes seria o oitavo maior PIB do mundo.Há vários meses, Schwarzenegger enfrenta os parlamentares californianos para tentar aprovar um aumento de impostos e cortes nos gastos públicos. Nos últimos tempos, porém, a situação ficou tão crítica que o secretário de Orçamento da Califórnia, John Chiang, alertou sobre a falta crônica de dinheiro que afetará o estado a partir do dia 1º de fevereiro.

Chiang já decidiu não pagar imediatamente a restituição do imposto de renda. Bolsas escolares também podem deixar de ser pagas e a jornada de trabalho dos funcionários públicos já foi reduzida.

No fim de dezembro, o governador anunciou um decreto estabelecendo dois dias de licença não remunerada para seus empregados, além de ter mencionado a possibilidade de reduzir salários e cortar postos de trabalho.

Como se não bastasse, a agência de classificação financeira Moody''s advertiu que estuda reduzir a nota dos créditos estaduais, o que faria aumentar as taxas de juros pagas pelo Estado.Em uma tentativa de conter a hemorragia, que se agravou ainda mais com a recessão - que diminuiu a renda do governo sem reduzir seus gastos fixos -, Schwarzenegger propôs aumentar os impostos, entre eles, o do valor agregado (IVA). Nos EUA, porém, são necessários dois terços dos votos da legislatura para sancionar uma lei como esta.

Jean Ross, diretora do grupo de reflexão independente "California Budget Project" (projeto orçamentário da Califórnia)disse que o estado "vai continuar no vermelho até segunda ordem. Nossa bolha imobiliária era maior que no resto dos EUA, e quando estourou, fomos afetados mais duramente", explicou , observando que "a maioria dos economistas concordam que sairemos desta situação mais tarde que os demais estados".

Curiosamente, Schwarzenegger - que é republicano - tem dificuldades para convencer os parlamentares de seu próprio partido, tradicionalmente contrários a aumentos de impostos.