Título: Santo Antônio paralisa obras
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 19/03/2011, Economia, p. 23

O consórcio responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, interrompeu ontem as obras, numa medida de precaução após os atos de vandalismo e os tumultos dos últimos dias no canteiro de outra importante usina, a de Jirau. ¿A decisão é preventiva e visa garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores. As atividades serão retomadas assim que houver a normalização do ambiente na região¿, informou nota do consórcio Santo Antônio Energia.

As obras em Jirau, também no Rio Madeira, vão continuar paradas por tempo indeterminado. A concessionária Energia Sustentável do Brasil chegou a anunciar a retomada das atividades na segunda-feira, mas acabou revendo a posição, diante de novas confusões, com incêndios nos alojamentos da Enesa Engenharia S. A. ¿Os funcionários avisaram que só retornam aos trabalhos quando existirem condições de segurança¿, disse o presidente do grupo, Victor Paranhos. Segundo o executivo, cerca de 600 empregados tinham sido mobilizados para reiniciar os trabalhos de desvio do rio.

Tropas O clima de insegurança na região persiste mesmo após a chegada, ontem, dos 105 homens da Força Nacional, por determinação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atendendo pedido do governador de Rondônia, Confúcio Moura. As tropas atuam em apoio à Polícia Militar na segurança da usina. A Camargo Corrêa, maior construtora de Jirau, informou que transferiu os pouco mais de 19 mil trabalhadores para a capital, distante 100 quilômetros do canteiro, e está apurando com autoridades policiais as causas das rebeliões.

A empreiteira descarta, contudo, hipótese de tensões trabalhistas e atribui os confrontos à ação de criminosos. Operários reclamam da truculência de motoristas, seguranças e encarregados e pedem melhores condições de trabalho. A Justiça do Trabalho montou ontem uma vara especial para resolver possíveis problemas de ordem trabalhista no local. A estrutura itinerante vai verificar problemas nos contratos, corte no pagamento de horas extras e o baixo valor da cesta básica.

A empresa rejeita as acusações e garante que nenhuma queixa foi formalizada. Ela promete apurar se houve abusos de funcionários. A Força Sindical pediu ontem ao Ministério Público do Trabalho (MPT) a formação de comissão para visitar o local, a ser composta por representantes do MPT e do Ministério do Trabalho e por sindicalistas.

SAIBA MAIS As usinas em números

JIRAU Local: Rio Madeira (RO)

Investimento: R$ 9,3 bilhões

Principal construtor: Camargo Corrêa

Capacidade: 3,3 mil megawatts (MW)

Inauguração prevista: 2012 ou 2013

SANTO ANTÔNIO Local: Rio Madeira (RO)

Investimento: R$ 13,5 bilhões

Principal construtor: Andrade Gutierrez e Odebrecht

Capacidade: 3,15 mil megawatts (MW)

Inauguração prevista: 2015