Título: Ata deixa dúvida sobre corte
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/01/2009, Finanças, p. B2
São Paulo, 30 de Janeiro de 2009 - A perspectiva de desaceleração econômica e inflação em ritmo decrescente garantiu ao Comitê de Política Monetária a retomada do ciclo de cortes do juro, mas as dúvidas ainda permanecem sobre o ritmo e o tamanho dos próximos passos do Banco Central.
De acordo com a ata da primeira reunião do Copom de 2009, divulgada ontem, a forte desaceleração da economia e a ausência de repasse da depreciação cambial para os preços foram as principais razões por trás da decisão da semana passada, quando o comitê fez o primeiro corte do juro desde setembro de 2007, jogando a Selic para 12,75% ao ano.
Apesar de ter promovido o corte mais forte da taxa desde 2003, os diretores do BC deixaram claro que qualquer mudança no quadro de riscos inflacionários provocará alteração imediata na política monetária, mesmo considerando o espaço existente para um ciclo duradouro de cortes da taxa básica. "A política monetária deve manter postura cautelosa, visando assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, a despeito de haver margem para um processo de flexibilização", afirmaram os diretores do BC na ata.
Os analistas foram unânimes em dizer que o juro será reduzido mais uma vez em março, quando o Copom realiza sua segunda reunião do ano. Mas a unanimidade dá lugar à divisão quando o assunto é o tamanho do corte. "O mercado vai continuar dividido entre 0,75 e 1 ponto de corte na próxima reunião", disse Roberto Padovani, economista-chefe do WestLB do Brasil.
Uma das razões por trás da dúvida, segundo Padovani, foi a falta de explicações na ata sobre a afirmação feita pelo Copom quando anunciou o corte, ao dizer que "parte relevante" do ciclo de flexibilização já estaria sendo feito de imediato.
A própria divisão dentro do comitê - dos oito integrantes, três defenderam uma redução de 75 pontos-base - também contribui para as incertezas do mercado, uma vez que para esses diretores, o corte menor "corresponderia melhor à velocidade ótima de implementação do processo de flexibilização".
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados não sofreram grandes alterações após a divulgação da ata. O contrato para janeiro de 2010, tradicionalmente o mais negociado e que indica a expectativa para a taxa Selic ao final de 2009, variou boa parte da sessão em torno de 11,23%, mesmo patamar de fechamento da quarta-feira.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Reuters)