Título: Marcas de bancos brasileiros valem mais
Autor: Nascimento,Iolanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/02/2009, Finanças, p. B3

São Paulo, 5 de Fevereiro de 2009 - A Brand Finance, consultoria especializada em avaliação e gestão de marcas, divulgou ontem mundialmente o ranking das 500 marcas de bancos mais valiosas do mundo. É o terceiro ano que a companhia publica esse estudo, "Global 500 Banking Brands Index", e a primeira avaliação das instituições financeiras nesse momento de crise. A pesquisa revela boas surpresas para os bancos brasileiros. Agora, oito participam do ranking, comparativamente a cinco de 2008. O Bradesco, que nesta semana divulgou lucro R$ 7,62 bilhões em 2008, é o melhor colocado e conquistou posições importantes. O banco passou da 42 colocação no ano passado para a 12, com o valor da marca subindo de US$ 4,1 bilhões para US$ 7,69 bilhões.

Constam da lista também o Banco Itaú Holding Financeira, Banco do Brasil (BB), Unibanco e Banco Nossa Caixa, além dos que entraram neste ano: Banco do Nordeste do Brasil, Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e Banco PanAmericano. Assim como a do Bradesco, a marca do Itaú ficou mais valiosa, passando de US$ 3,5 bilhões para US$ 5,59 bilhões, o que possibilitou à instituição pular do 54 lugar para o 21 no ranking da Brand Finance, elaborado em parceria com a revista inglesa "The Banker" e com a agência de classificação de risco Austin Rating, que colaborou com a base de informações financeiras das instituições latino-americanas.

O BB ganhou 10 posições e sua marca ficou em 35 lugar, mas o valor caiu de US$ 4 bilhões para US$ 2,86 bilhões. Gilson Nunes, chefe-executivo de operações da Brand Finance para a América do Sul, explica que marca do BB é bastante reconhecida, entretanto, a possibilidade de impactos no caixa do banco, por conta das diversas aquisições que realizou no ano passado (entre as quais o controle da Nossa Caixa e perto de 50% do Banco Votorantim), influencia no resultado, já que o estudo considera o modelo financeiro. "A performance da marca é resultado de valores intangíveis, como a imagem, a confiança de seus consumidores e a qualidade dos produtos e serviços, entre outros, e também do seu fluxo de caixa e desenvolvimento do negócio."

Nesse contexto, o estudo da Brand, que avalia apenas as marcas dos bancos de capital aberto, mostra os efeitos da crise financeira. As marcas de bancos norte-americanos e europeus, os que mais estão no cerne da crise, apresentaram deterioração, enquanto as de brasileiros e de mercados emergentes se valorizaram, evitando uma queda maior no total geral - quando somado o valor das marcas das 500 instituições pesquisadas. No total, a queda de 2008 para 2009 foi de 32%, ficando em US$ 474 bilhões. Nunes afirma que a redução foi, contudo, menor que a do valor de mercado do conjunto das instituições, de US$ 3,9 trilhões, ou 51% menos.

A crise foi responsável também pelo desaparecimento de 209 marcas que constavam do ranking do ano passado, de bancos que sucumbiram com a crise ou que tiveram a imagem muito arranhada em decorrência das perdas contábeis e prejuízos. Entre elas, o executivo cita as norte-americanas Fannie Mae, Freddie Mac, Lehmann Brothers (que sucumbiu em setembro de 2008, espalhando a crise pelo mundo), Northern Rock e Bear Stearns, que juntas valiam US$ 14,3 bilhões no ano passado.

Para o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, essa última pesquisa mostra que a solidez do sistema bancário do País refletiu no fortalecimento das marcas brasileiras. "O Bradesco teve um salto fenomenal. Se analisados somente os bancos de atuação no varejo, pula para 5 colocação nesse ranking", diz, lembrando que há alguns anos poucos acreditariam que tão cedo o Bradesco ficaria tão próximo do Citigroup (Citi), em valor de marca e de mercado.

O Citi, apesar de seus resultados serem cada vez mais catastróficos, se mantém entre os dez mais, mesmo tendo perdido posições. A marca passou do 2 lugar em 2008 para 7, saindo de US$ 27,81 bilhões para US$ 9,81 bilhões. Mais uma vez, o ranking é liderado pelo HSBC Bank, apesar da deterioração do valor da sua marca que passou de US$ 35,4 bilhões para US$ 25,36 bilhões.

Segundo a pesquisa, a marca do Unibanco vale US$ 1,52 bilhão e o banco passou do 165 lugar para o 67. A Nossa Caixa ficou em 230, com US$ 265 milhões. O último brasileiro é o PanAmericano, na 498, com US$ 77 milhões.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Iolanda Nascimento)