Título: Empresários adotam tom conciliador com o governo
Autor: Assis,Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/02/2009, Brasil, p. A7

São Paulo, 4 de Fevereiro de 2009 - Os empresários que participarão da reunião com o governo de acompanhamento da crise que se realiza hoje em Brasília devem adotar uma postura conciliadora. Neste segundo encontro, os atritos devem ser deixados de lado para concentrar o foco em temas como desoneração de investimentos, expansão do crédito e redução do spread bancário, entre outras propostas.

Um documento com propostas dos empresários foi elaborado durante almoço realizado na segunda-feira na sede da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para balizar a posição dos setores no contato com o governo federal.

De acordo com José Velloso, vice-presidente da Abimaq, os atritos registrados no encontro anterior não devem se repetir. "Agora temos de ir com propostas, trabalhar sobre elas e deixar as diferenças de lado. Os pontos antagônicos serão deixados fora da sala", afirma Velloso.

A retração de 22,2% da atividade do setor de bens de capital em dezembro apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma o quadro de retração que a Abimaq constatou em 15 de janeiro. Segundo Velloso, na última sondagem realizada no mês passado, a retração atingiu 23,9% na indústria de máquinas e equipamentos. Esta queda levou os empresários a revisar a estimativa de corte de vagas em 2009. Para Velloso, as 20 mil demissões esperadas devem ser superadas. "O ano de 2009 está perdido", afirma Velloso.

Para o vice-presidente da Abimaq, o risco que se corre é o de efeito dominó. Os trabalhadores do setor de bens de capital ganham, em média, R$ 2.500,00 por mês. "Quem está demitindo são as indústrias que pagam melhor", afirma. A perda de emprego atinge principalmente o contingente com poder aquisitivo para fazer as compras mais caras como a de automóveis. "Temos trabalhado no sentido de minimizar a crise mas ela veio muito rapidamente de uma forma bastante forte", afirmou Velloso.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Jaime Soares de Assis)