Título: Quase 40% dos entrevistados ignoram existência de crise
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/02/2009, Brasil, p. A8

Brasília, 4 de Fevereiro de 2009 - Os efeitos da crise internacional ainda não abalaram a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os efeitos sobre a economia brasileira devem ter curta duração., de acordo com a pesquisa CNT-Sensus divulgada ontem. As razões são basicamente duas: as pessoas aprovam as medidas adotadas pelo governo; 39,9% dos entrevistados sequer conhecem ou ouviram falar da crise, conforme a sondagem.

A avaliação positiva do governo em janeiro voltou a bater recorde. Para 72,5% dos entrevistados, o governo é ótimo ou bom, frente a 71,1% em dezembro. Esse desempenho é o melhor desde 1998, quando o instituto começou a fazer a pesquisa para a Confederação Nacional do Transporte (CNT). A avaliação negativa do governo caiu para 5% em janeiro ante 6,4% em dezembro.

O desempenho pessoal do presidente Lula foi aprovado por 84% dos entrevistados, frente aos 80,3% na sondagem anterior.

Quanto aos efeitos da crise financeira, os entrevistados se mostraram otimistas. O índice de expectativa do consumidor subiu para 68,95 em janeiro ante 66,16 em dezembro. O maior patamar já registrado pelo indicador foi em setembro, quando alcançou 73,82 pontos. O índice reflete as expectativas dos entrevistados sobre emprego, renda e educação. "Existe uma expectativa de que a crise está passando", afirmou Clésio Andrade, presidente da CNT.

A população tem demonstrado confiança nas medidas adotadas pelo governo para contornar a crise financeira. Apesar de 34,4% dos entrevistados pela pesquisa CNT/Sensus declarar que conhecem alguém que perdeu o emprego por causa da crise e 22% dizer que ficaram sabendo de alguém nessa situação, a maioria, 51%, acredita que o nível de emprego vai melhorar nos próximos seis meses.

"A pessoa percebe que há o desemprego, mas acredita que as medidas anunciadas pelo presidente Lula vão funcionar", disse o presidente Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, durante a divulgação dos resultados.

Ainda de acordo com a pesquisa, 50% dos entrevistados são favoráveis à redução da jornada de trabalho e 38,9% contra. Apóiam a abertura de linhas de crédito pelo governo para as empresas enfrentarem a crise financeira 74,2% dos entrevistados e 14,4% são contra.

Ontem, onde inaugurou obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente Lula evitou comentar a pesquisa CNT/Census que o coloca com 84% de avaliação positiva pessoal, um recorde histórico. "Eu não sou de comentar pesquisa, nem quando estou bem, nem quando estou mal. A pesquisa retrata o momento político que estamos vivendo."

Já em Brasília, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, deputado federal pelo PTB de Pernambuco, disse que a crise econômica vai, sim, afetar a popularidade do presidente Lula. "O governo dificilmente manterá o nível de aprovação que tem hoje. É evidente que o quadro econômico tende a tirar alguns pontos dessa avaliação", disse o dirigente. Segundo o presidente da CNI, a popularidade recorde do presidente e de seu governo foi construída em um ambiente saudável economicamente, em um cenário em que foi possível avançar no alcance de programas sociais, promover ganhos reais de salário e do nível de emprego. Essa situação de bonança, que permitiu gerar um "grau de conforto", acabou, alertou Monteiro Neto.

Colaborou Ayr Aliski

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Reuters e Agência Brasil)