Título: Transmissão deve receber R$ 3 bi até 2013
Autor: Scrivano,Roberta
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/02/2009, InfraEstrutura, p. C3

São Paulo, 4 de Fevereiro de 2009 - Os investimentos no setor de transmissão de eletricidade devem ultrapassar os R$ 3 bilhões até 2013 no Brasil. A informação é de Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia.

A estimativa da EPE faz parte do Plano de Expansão de Transmissão (PET), divulgado ontem, e prevê a licitação e construção de 2,5 mil quilômetros de linhas e 22 subestações. "Serão recursos oriundos da iniciativa privada", explica Tolmasquim. Segundo o executivo, os projetos listados deverão ser licitados a partir de março deste ano e a previsão da estatal é realizar dois leilões a cada ano para venda dos lotes das linhas de transmissão (LT) e subestações.

"A região que mais receberá recursos é a Centro-Oeste, com R$ 1,027 bilhão, para a instalação de 1,015 mil quilômetros de linhas de transmissão", comenta o presidente da EPE. "Vamos reforçar o sistema de transmissão da região por dois motivos principais: usinas do rio Madeira ) instaladas em Rondônia, com linhas que irão cortar a região Centro-Oeste) e as diversas PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) localizadas no Mato Grosso que, depois dos investimentos, poderão escoar a sua energia para o sistema", diz Tolmasquim.

Rondônia, Acre e Mato Grosso estão no topo da lista dos estados que receberão mais aportes, justamente por estarem na rota do linhão que ligará as usinas do Madeira ao sistema interligado nacional (SIN). "Nos três estados os aportes deverão chegar a R$ 1 bilhão até 2013", afirma.

Tolmasquim explica que os leilões das linhas de transmissão do rio Madeira foram realizados no ano passado, mas o novo PET prevê a expansão da rede de transmissão do Complexo Madeira, que está sendo erguido em Rondônia e será formado por duas hidrelétricas - Santo Antônio e Jirau -, para Cuiabá e Acre a partir de 2011. "Se as primeiras máquinas do Madeira entrarem em operação antes do esperado (2012/2013), a linha já estará pronta para enviar a energia para outras regiões", justifica.

Mais recursos no Sudeste

"Depois do Centro-Oeste, a região que será contemplada com maior volume de recursos é a Sudeste, com destaque para São Paulo", pontua Tolmasquim. No total, o Sudeste deve receber montante de R$ 998 milhões. "Vamos aumentar a confiabilidade do sistema da região", diz o presidente da EPE. Só em São Paulo, serão aportados R$ 442 milhões para a instalação de cinco subestações até 2011, detalha Tolmasquim.

Os investimentos em expansão das linhas de transmissão do País são reflexo dos aportes brasileiros nos setores de geração de eletricidade, além do aumento da demanda. "Hoje nós temos um sistema de transmissão muito robusto, mas ele precisa ser expandido já que as LTs têm que acompanhar o crescimento de demanda e oferta", diz o executivo.

Crise financeira

Questionado sobre se a crise financeira mundial pode ser um entrave no desenvolvimento destes projetos, Tolmasquim é enfático: "Não irá atrapalhar, porque são investimentos seguros, com garantia de receita", diz. Segundo ele, os investidores, antes de ingressarem nos leilões para disputar as concessões, calculam exatamente quanto pode ser o deságio (desconto oferecido durante o leilão pelo interessado no lote), de forma que o negócio continue rentável. "Investimento em linha de transmissão não tem risco. É receita garantida", ressalta o presidente da EPE.

Tomalsquim diz que a escassez de crédito também não deve afetar o setor. "A questão da restrição de crédito existe, mas o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem aceito esse tipo de negócio já que o contrato tem garantia de geração de receita".

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Roberta Scrivano)