Título: Exportação de metais soma US$ 22 bilhões
Autor: Collet,Luciana
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/02/2009, Indústria, p. C7

São Paulo, 4 de Fevereiro de 2009 - A exportação dos oito principais metais produzidos no País somou US$ 22,16 bilhões em 2008, o que representa uma alta de 42,7% em relação aos US$ 15,53 bilhões obtidos no ano anterior. Com o forte crescimento, aumentou a participação do setor mineral nas exportações brasileiras, de 9,7%, em 2007, para 11,2%, no ano passado. Além do aumento no volume de minérios exportados, também pesou na expansão do faturamento com vendas externas de metais a alta dos preços médio dos produtos, principalmente no primeiro semestre do ano.

Entre os produtos que mais sofreram aumento das exportações está o manganês, minério usado como insumo na siderurgia para melhorar as propriedades do aço. As vendas externas do mineral apresentaram alta de 452,86% em valores, para US$ 615,8 milhões. Em volume, o crescimento também foi expressivo, de 57,8%, para 2,03 milhões de toneladas, mas o preço médio foi o que teve maior impacto, passou de US$ 86,48 por tonelada em 2007 para US$ 302,81 por tonelada no ano passado.

"Em 2007, a Vale (Companhia Vale do Rio Doce) parou a produção porque o preço do manganês tinha caído muito e a companhia deu prioridade para o escoamento de minério de ferro pela Estrada de Ferro Carajás", explicou Antonio Lannes, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Apesar do bom desempenho do metal, o crescimento poderia ser ainda melhor, não fosse a crise econômica internacional. De acordo com estimativas do Ibram, o saldo da balança comercial de manganês deveria atingir US$ 680 milhões, no entanto, encerrou o ano a US$ 569,4 milhões. De fato, já observando a baixa demanda mundial com o estopim da crise, em 31 de outubro a Vale informou que interromperia a produção em 1º de dezembro, paralisando a atividade produtiva no País até o final de janeiro. O Brasil é o segundo maior produtor de manganês e a Vale é a principal produtora nacional.

Outro minério que merece destaque na exportação, seja pelo volume exportado quanto pelo crescimento na receita, é o minério de ferro, produto que sozinho responde por 8,36% da receita brasileira com exportações. No ano passado, foram embarcadas 281,68 milhões de toneladas do minério, 4,5% acima do volume registrado um ano antes. Em valores, o minério de ferro rendeu US$ 16,54 bilhões, alta de 56,6%. A retração na demanda pelo minério também fez a Vale anunciar redução da produção no final do ano passado, em cerca de 30 milhões de toneladas métricas anuais, com o fechamento de minas com maior custo de produção e de minérios de qualidade inferior em relação aos demais produzidos pela companhia.

Em janeiro, os embarques de minério de ferro foram de 834 mil toneladas, o que representa uma queda de 25,2% em relação ao mesmo mês de 2008. Em valores, houve alta de 12,1%, para US$ 49 milhões, resultado ainda do reajuste nos preços do minério, que foi de 65%.

Segundo o secretário de Comércio Exterior do governo brasileiro, Welber Barral, o volume de commodities exportado deve cair de 10% a 30% nos primeiros meses deste ano, devido principalmente à queda da demanda neste início de ano.

Importações

As importações de minérios também aumentaram ao longo do ano passado, encerrando o ano com alta de 59,1%, para US$ 8,96 bilhões, o que representa cerca de 5% do total de compras realizadas no exterior.

Entre os principais produtos importados está o cloreto de potássio, conforme destacou Lannnes. A matéria-prima é utilizada para a produção de fertilizantes. O volume de recursos gastos com a compra do insumo mais que dobrou, passando de US$ 1,5 bilhão, em 2007, para US$ 3,83 bilhões. A forte alta, no entanto, está mais relacionada ao aumento do preço do cloreto de potássio do que ao volume importado, já que desembarcaram no País 6,75 milhões de toneladas, um pouco abaixo dos 6,76 milhões de toneladas de 2007. "O Brasil é deficiente em potássio e fostato, e os preços desses insumos aumentou bastante", afirmou Lannes.

Outro destaque é o coque, insumo na produção siderúrgica. Entre coques e semicoques de hulha, de linhita ou de turfa, o volume gasto na aquisição desses produtos somou US$ 909,6 milhões, quase três vezes mais que os US$ 311,3 milhões de um ano antes. Também neste caso, o preço foi o que mais influenciou na crescimento, já que a tonelada do produtos chegou a ter um aumento de aproximadamente 200% no mercado internacional. Na média, o preço da tonelada de coque que desembarcou no Brasil teve uma alta de aproximadamente 150%, no valor médio de 2008, para US$ 478,28.

Já a importação de zinco caiu 35,89%, para US$ 161,9 milhões, resultado da queda no preço do metal no mercado internacional, já que o volume cresceu 19,39%, para 221,19 mil toneladas. O preço médio caiu 46,3%, para US$ 731,97 por tonelada.

O saldo comercial do setor mineral, considerando esse grupo dos principais metais de exportados e importados foi de US$ 13,87 bilhões no ano passado, o que representa um aumento de 30,24% ante os US$ 10,64 bilhões registrados no ano anterior.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Luciana Collet)