Título: A mensagem de Michelle
Autor: Iunes, Ivan; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2011, Política, p. 8

A VISITA DE OBAMA No encontro que teve com 75 jovens brasileiros, a primeira-dama dos Estados Unidos esbanjou simpatia e bom humor. Em discurso de 35 minutos, lembrou-se da infância pobre e passou otimismo para que eles continuem perseguindo seus sonhos

As primeiras palavras de Michelle Obama, 47 anos, no Brasil foram simples, diretas e em português. Com um animado ¿bom dia¿, ela começou um discurso dirigido a 75 jovens brasileiros, entre 14 e 20 anos, no restaurante Oca da Tribo, localizado no Setor de Clubes Sul. Simpática e bem humorada, a primeira-dama dos Estados Unidos improvisou, brincou e posou para fotos. Durante os 35 minutos de seu único compromisso oficial em Brasília, dispensou o papel da diplomacia da visita de seu marido, Barack Obama, e afirmou que ¿o futuro das duas nações depende muito mais do que relações entre presidentes e primeiros-ministros, depende das relações entre nosso povo e, especialmente, entre os jovens¿.

Com um ritmo empolgante, que muitas vezes lembrava a forma marcante de se expressar do presidente americano, Michelle falou da importância da educação e aconselhou os mais jovens. ¿Aprendi há muito tempo que não importa quem você é ou de onde seja, desde que esteja disposto a sonhar alto e a trabalhar duro para alcançá-los (os sonhos) e correr riscos. Tudo é possível. Nós precisamos de pessoas jovens, inteligentes e energéticas, para consertar os problemas do mundo e vocês estão prontos¿, disse.

Em sua visita ao Brasil, Michelle resolveu encontrar os brasileiros que participaram do programa do governo americano Jovens Embaixadores, que leva estudantes de escolas públicas para um intercâmbio nos Estados Unidos. ¿Eles vieram para a minha vizinhança e eu prometi que viria para a vizinhança de vocês. Agora estou aqui, não? Essa é uma visita especial para mim, estava sentada onde vocês estavam porque eu fui jovem também, há muito, muito tempo atrás¿, brincou a americana. A primeira-dama estava na companhia das filhas, Malia, 12 anos, e Sasha,9, da mãe, Marian Robinson, da madrinha das meninas, Kate Wilson, e de Tânia Cooper Patriota, mulher do chanceler brasileiro Antônio Patriota.

Depoimento Antes de seu discurso, Michelle ouviu o depoimento da estudante mineira Raquel Helen Santos da Silva, 20 anos, que participou do projeto em 2008 e declarou que, desde sua experiência, já teria aprendido a falar a palavra borboleta em 20 línguas diferentes. ¿Aprendam novas línguas e não seja como eu. Eu não sei falar borboleta em idiomas diferentes, só em um. Então, Malia e Sasha, vocês também precisam aprender a falar borboleta em pelo menos 20 línguas¿, brincou com as filhas. ¿Experimentem o que o mundo tem para oferecer¿, declarou a primeira-dama.

Quando falou sobre seu próprio caminho e a superação da infância pobre, não deixou o marido de fora. ¿Como muitos de vocês, quando eu estava crescendo, minha família não era rica, meus pais são as pessoas mais inteligentes que conheço, mas não terminaram a faculdade. Não havia nada na minha vida que me garantia que um dia eu seria a primeira-dama dos Estados Unidos ou que estaria aqui falando com vocês. E a história de vida do presidente Obama é parecida com a de muitos vocês e a minha. Ele não tinha muito dinheiro, não era o melhor aluno. É inteligente agora, mas demorou um tempo para chegar lá¿, disse Michelle, arrancando risos da plateia.

Cansaço As filhas assistiram às apresentações aparentemente entediadas e visivelmente cansadas pela viagem. Michelle brincou que as meninas raramente viajam com os pais porque ¿precisam ir à escola¿ e que, como agora elas estão em recesso escolar, ¿tiveram o privilégio de poder visitar o Brasil¿. Com palmas, as duas acompanharam a apresentação de capoeira. Malia, por um momento, chegou a se assustar com um dos golpes e, assim como a irmã, esboçou poucos sorrisos durante as apresentações.

O amazonense Ícaro Nepomuceno, 19 anos, pertence ao grupo de 34 brasileiros que foi recebido por Michelle na Casa Branca, em Washington, em janeiro de 2010. ¿A presença dela nos traz motivação para mudar alguma coisa no Brasil¿, afirmou o estudante do 3º período de jornalismo do Centro Universitário do Norte (Uninorte) e bolsista do Programa Universidade para Todos (ProUni).

Três looks diferentes

Ícone de estilo, a primeira-dama Michelle Obama escolheu um clássico tailleur em tons de nude para a cerimônia no Palácio do Planalto e no Itamaraty, pela manhã. Sem o blazer, o vestido de ombro único, comum no guarda-roupa de Michelle, tornou-se uma opção moderna para o encontro com jovens na Oca da Tribo. Nos pés, um scarpin de salto médio ouro-vermelho. Max pulseiras pretas e douradas e brincos de ônix ajudaram a quebrar a sobriedade do figurino formal. O coque com efeito molhado foi uma solução rápida para o pouco tempo que Michelle passou no hotel: menos de 1h30. Ao desembarcar no Brasil, a primeira-dama usava um vestido vermelho de alças largas e com estampa étnica. No último compromisso oficial, realizado no Palácio da Alvorada, Michelle trajava um vestido bege claro bordado em pérolas. Uma sandália baixa dourada completava o look. Com a mesma roupa, a primeira-dama seguiu com a comitiva para o Rio de Janeiro.