Título: Uma homenagem a Brasília
Autor: Iunes, Ivan; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2011, Política, p. 8

Em discurso no Palácio do Itamaraty, presidente americano elogia a capital federal e a arquitetura de Oscar Niemeyer, lamenta ter perdido o carnaval e cita Juscelino Kubitschek. Dilma Rousseff, por sua vez, brindou o sonho de liberdade de Martin Luther King

Brasília, Dom Bosco e Juscelino Kubitschek pontuaram as palavras utilizadas pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para pintar o progresso brasileiro das últimas décadas. Durante os discursos no Palácio do Itamaraty e no encontro da Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos, Obama procurou se aproximar dos brasileiros arriscando palavras em português, lamentou ter perdido o carnaval e mencionou as principais imagens históricas da capital federal. O presidente norte-americano elogiou a arquitetura do Itamaraty, de Oscar Niemeyer, como uma prova da criatividade e da engenhosidade do povo brasileiro. ¿Que é Brasília, se não a alvorada de um novo dia para o Brasil?¿, elogiou Obama, citando o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Durante a visita, Obama fez questão de mostrar estar afiado no quesito conhecimentos históricos de Brasília. Ao passo em que Dilma propôs um brinde durante o almoço no Itamaraty ao sonho do ativista Martin Luther King, ¿o mesmo sonho de brasileiros e americanos, o sonho de liberdade, o sonho da esperança¿, o norte-americano preferiu os mitos e histórias candangas. ¿Brasília é uma cidade jovem, de 50 anos, que começou em 1883 com Dom Bosco, que teve a visão de que a capital de um grande país seria construída entre o quinto e o vigésimo paralelo e seria um modelo para o futuro. Ela existe agora, mostrando que a democracia é o melhor parceiro do progresso¿, disse Obama.

Reconhecendo o progresso do Brasil nas últimas décadas, o presidente norte-americano fez questão de elogiar o esforço e a determinação do povo brasileiro na formação de uma democracia vibrante e uma economia próspera. ¿Os futuros historiadores certamente registrarão a ascensão do Brasil como uma das grandes conquistas do nosso tempo¿, defendeu Obama. ¿Assim, proponho um brinde, lembrando as palavras do presidente Kubitschek sobre um novo dia para o Brasil. Que a luz do progresso e da paz sempre brilhe sobre vocês¿, brindou.

Picanha O governador Agnelo Queiroz, presente ao almoço no Itamaraty, ficou satisfeito com os elogios de Barack Obama à capital federal. Ele conversou rapidamente com o presidente norte-americano. ¿Ele não conhecia a cidade e a achou muito bonita. Também gostou do Itamaraty¿, contou. Agnelo também considerou a visita de Obama um marco importante para o país. ¿A primeira visita dele à América do Sul começar pelo Brasil traz um simbolismo forte. Nosso país definitivamente se coloca como uma peça importante no cenário internacional.¿

Durante o almoço, o serviço diplomático brasileiro serviu picanha, feijão tropeiro, salada verde, couve crocante, torre de siri e manga. Como sobremesa, frutas da época, bolo de rolo, doces mineiros e sorvete de graviola. Para acompanhar, vinho e espumante nacionais. Obama recusou o vinho e comeu picanha ¿ que para bons conhecedores de carne estava distante das mais suculentas de Brasília. A sobremesa não foi sequer servida para Obama, uma vez que houve um momento em que algumas pessoas se aproximaram para cumprimentar, ele se levantou, muitos repetiram o movimento e, de repente, ele já estava fora da mesa.

O casal Obama dividiu a mesa central com a presidente Dilma; o vice, Michel Temer; o chanceler Antônio Patriota e a mulher; os presidentes do Senado, José Sarney; da Câmara, Marco Maia; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o chefe de gabinete de Obama, William Daley. A conversa na mesa principal foi amena, voltada para os programas sociais em curso no Brasil.