Título: Subsídio federal estimula contratos de seguro rural
Autor: Tenório,Roberto
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/02/2009, Agronegócio, p. B9

Sâo Paulo, 3 de Fevereiro de 2009 - A reformulação do mercado de seguro agrícola desencadeada pela criação do Programa de Subvenção ao Prêmio e a constante busca pela redução do risco nas atividades agropecuárias dobraram o volume de contratações em 2008. O número de apólices negociadas saltou para 60,1 mil no ano passado, aumento de 90%. No total, foram subvencionados R$ 157,5 milhões em prêmio, número três vezes maior que o ano anterior, segundo informações do Ministério da Agricultura (Mapa). Pela primeira vez desde que o programa foi criado em 2004, as seguradoras consumiram todos os recursos colocados à disposição. Embora tenha crescido sobre bases pequenas, a área segurada atingiu 4,8 milhões de hectares, o equivalente a 7% da área total plantada no Brasil. Para especialistas, a pulverização da atuação das empresas e a maior cobertura dos incentivos foram determinantes para viabilizar as operações. A maior parte das apólices agrícolas foram elaboradas para cobrir perdas com problemas causados pelo clima.

Segundo dados do Mapa, o faturamento com prêmio triplicou em 2008 e fechou em R$ 324,7 milhões. Representantes dos produtores e das empresas são unânimes em afirmar que o incentivo federal foi determinante para o restabelecimento do mercado de seguros no País. Porém advertem que os índices de produtividade apurados na maioria dos municípios ainda estão defasados e atrapalham a formulação de um contrato adequado entre as duas partes. Mesmo assim, as mudanças já implementadas por meio de discussões com a cadeia colocaram o mercado brasileiro entre os quatro maiores do mundo, só perdendo para Canadá, Estados Unidos e Espanha, respectivamente os primeiros colocados.

"O seguro rural é um produto muito caro. Sem a subvenção, a taxa do prêmio seria acima de 15% do capital segurado. Com o incentivo, o custo cai para 5% em média, dependendo da região", observa Wady Cury, diretor técnico da Companhia de Seguros Aliança do Brasil, líder em contratações para grãos. Segundo levantamento do Mapa, a seguradora foi responsável pela cobertura de uma importância segurada de R$ 4,4 bilhões e uma área de 3,8 milhões de hectares. O diretor revela que o carro-chefe da companhia é a soja. Ele destaca que o custo com a contratação desse seguro é mais baixo que o de automóvel. "Se o produtor contar com a subvenção estadual, ele paga apenas 25% do prêmio", destaca.

O Secretário de Política Agrícola do Mapa, Edílson Guimarães, ressaltou a importância do governo no crescimento das contratações. "O risco com problemas é muito alto. Se o governo não subvencionar o prêmio, a participação das empresas se torna inviável". Ele destacou a importância da criação do fundo de catástrofe e a abertura do mercado de resseguros no País. "A seguradora responde por 10% a 15% do risco da apólice, o restante é com a resseguradora." A expectativa dos especialistas é que a abertura do mercado de resseguros deverá atrair novas empresas e diluir ainda mais o risco.

Com relação ao fundo de catástrofe, Guimarães explicou que os recursos deverão sair dos cofres da união no início. "A ideia é diminuir a participação conforme o mercado se desenvolver".O Secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, acredita que o seguro deve ser considerado item de insumo nas contas do produtor. "Por isso, somos pioneiros em subvencionar o prêmio e ainda mantemos essa opção, onde o produtor pode pagar apenas 25% da apólice". O estado foi o terceiro maior mercado no ano passado, com uma área segurada de 459 mil hectares e R$ 961 milhões em importância segurada.

Cury lembra a pulverização das operações nos vários estados diminuiu o risco com perdas. "Antes, cerca de 75% das operações ficava, concentradas no Paraná. Se ocorresse algum problema, a empresa não aguentaria bancar todas as despesas". Segundo disse, as perdas com a estiagem neste ano seriam piores se o mercado ficasse concentrado. No Paraná, as despesas com sinistros ultrapassaram em 60% o faturamento. "No Brasil esse índice é positivo em 55%, o que mostra que o lucro ainda é positivo". Na companhia, R$ 87 milhões em sinistros já foram contabilizados, sendo 90% disso na safra paranaense. Cury explica que a implantação da modalidade aquícola está sendo avaliada para os próximos dois anos.

Wellington Soares de Almeida, diretor do Deger-Mapa, explica que R$ 30 mil em subvenção foram utilizados no setor aquícola. "Mas se a demanda for maior estamos prontos para atender".

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 9)(Roberto Tenório)