Título: De olho no pré-sal e em grandes obras
Autor: Caprioli, Gabriel; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2011, Política, p. 11

A VISITA DE OBAMA Num discurso para empresários, Obama admite interesse no petróleo brasileiro e em infraestrutura

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou clara a extensão dos interesses comerciais norte-americanos no Brasil, especialmente na área do petróleo e nas grandes obras de infraestrutura, ao fechar um seminário para 400 empresários. Apesar de o discurso ter durado apenas 20 minutos, o chefe de Estado não precisou de muito para mostrar seus objetivos econômicos. Em um momento em que os preços do óleo cru estão em disparada no mercado internacional, Obama lembrou que a instabilidade política no norte da África aumentou a importância estratégica das descobertas do pré-sal no Brasil.

¿Ficamos felizes em saber que as reservas encontradas no Brasil representam duas vezes as norte-americanas. Queremos auxiliá-los a explorar esse petróleo e, quando começarem a comercializar, queremos ser um dos maiores clientes¿, afirmou. Ele garantiu que quer ampliar as conversações na área de energia limpa. ¿Se pensamos no petróleo, claro que num futuro próximo temos que pensar em alternativas. Por isso, a cooperação nos biocombustíveis é importante. Estamos lançando uma parceria para o desenvolvimento de uma economia verde entre os dois países¿, disse. Ele não deu nenhum sinal, entretanto, de que vai derrubar a sobretaxa ao etanol brasileiro no mercado norte-americano.

Outro segmento no qual Obama demonstrou ávido apetite foi o das obras de infraestrutura para os eventos esportivos agendados para os próximos anos. Bem-humorado, ele lamentou ter perdido a disputa para sediar as Olimpíadas de 2016 em Chicago. Sério, propôs que os empresários norte-americanos participem da preparação da estrutura física das cidades. ¿Apesar de não termos ganho o concurso, não seremos meros espectadores. Para fazer esses eventos, vocês precisarão de pontes, estradas e outros melhorias e os EUA estão prontos para auxiliá-los nisso¿, afirmou.

Diplomático, Barack Obama afirmou que a aproximação deve beneficiar as duas maiores economias do continente. Mas não detalhou como o Brasil pode se beneficiar daqui por diante. ¿Estamos procurando uma parceria ainda mais forte com seu governo e com seu povo. Quando nós olhamos para o Brasil, vemos a possibilidade de vender mais bens e serviços. Isso é uma estratégia de criação de empregos para nós. Entretanto, não é uma via de mão única. Somos o segundo mercado de exportação brasileiro, fato que também gera milhares de postos de trabalho por aqui¿, ponderou.

No discurso, Obama também atribuiu a intenção em aumentar o comércio ao papel que o Brasil assumiu no cenário internacional. ¿O que foi realizado nos últimos anos aqui é notável. O Brasil é o país do futuro, e o futuro chegou. Não foi sorte, foi resultado de um trabalho árduo¿, destacou.