Título: Centrais sindicais querem medidas concretas do governo
Autor: Oliveira,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/01/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 20 de Janeiro de 2009 - Os presidentes das centrais sindicais de todo o País se reuniram na tarde de ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles apresentaram mais de dez propostas que visam evitar as demissões, mesmo com a crise econômica mundial. Entre os principais pedidos dos sindicalistas está a redução de dois pontos percentuais da taxa básica de juros, a Selic. Além dos presidentes das centrais sindicais, participaram da reunião a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff; o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo; o ministro do Trabalho, Carlos Lupi; o ministro da Secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci e o ministro da Previdência Social, José Pimentel.

Segundo o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), os sindicalistas conseguiram do presidente Lula o aumento do salário mínimo de R$ 415 para R$ 465. "O salário mínimo vai para R$ 465 no primeiro dia de fevereiro", afirmou.

Redução do spread

Outra promessa feita pelo presidente Lula aos sindicalistas foi a redução do spread bancário. Para fazer isso, ele prometeu se reunir com os bancos públicos e privados na próxima quarta-feira para discutir a questão. Antes de entrar na reunião, Pereira comentou os números divulgados ontem pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), segundo os quais foram extintos no mês de dezembro mais de 654 mil postos de trabalho. O sindicalista destacou que os números evidenciam a gravidade da crise, e cobrou medidas mais concretas do presidente Lula.

Antes da reunião começar, os sindicalistas pediram a redução da carga tributária, redução do Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre prestações de Serviços (ICMS) e do Imposto Sobre Serviço de qualquer natureza (ISS). Na pauta de reivindicações constavam também um reajuste de 15% no salário mínimo, redução do spread bancário, aumento para dez parcelas do seguro desemprego retroativo a dezembro, e a edição de uma medida provisória que dispensa licitação para contratações do governo por pelo menos seis meses.

Chantagem empresarial

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que a principal complicação para os trabalhadores é a falta de crédito, pois "nem os bancos públicos estão cedendo crédito". Ele acredita que a solução para o problema é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abrir uma linha para os micro e pequenos empresários do País.

Patah também criticou a posição dos empresários diante da crise econômica mundial. Segundo ele, existe um oportunismo empresarial para flexibilizar os direitos trabalhistas. "Com o argumento da crise, eles querem que a legislação seja rasgada", afirmou.

Para Patah, "até certo ponto isso pode ser colocado como chantagem empresarial. Não há dúvida, esse termo é forte, mas é real. Não é possível que por conta da gravidade da crise, se rasgue Código de Leis Trabalhistas (CLT)".

Manter emprego e renda

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique Silva, também participou da reunião e defendeu a manutenção do emprego e da renda dos trabalhadores. "É preciso manter o emprego e a renda. Esses são os pilares fundamentais para manter o Brasil em crescimento e retomar a produção industrial nos próximos meses", pediu Silva.

O dirigente afirmou que é preciso analisar a situação de cada setor da economia porque alguns setores da economia não sofreram com a crise. "Não se pode fazer uma proposta generalizada, isso pode trazer setores que não estão em crise. O desemprego é preocupante, mas alguns setores foram sofreram impacto e outros não", afirmou o sindicalista.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ana Carolina Oliveira)