Título: CUT mobiliza bases contra dispensas e cortes de salário
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/01/2009, Brasil, p. A7

São Paulo, 20 de Janeiro de 2009 - A Central Única dos Trabalhadores (CUT) inicia hoje junto aos seus sindicatos coligados uma série de manifestações nas ruas e portas de fábricas. Estão previstas atividades em montadoras do ABC paulista, em Sorocaba, e também mobilizações de rua em Taubaté, além da realização de assembléias junto aos trabalhadores, "para chamar a atenção da sociedade para a questão do emprego e da renda", destacou Artur Henrique Silva, presidente da CUT. O principal objetivo é protestar contra empresas que propõem a suspensão temporária dos contratos de trabalho e a redução de jornada com corte de salários.

A entidade realizou ontem pela manhã em São Paulo uma reunião com sua executiva nacional, da qual participaram dez confederações nacionais - entre elas a Contraf, dos trabalhadores do ramo financeiro; a CNT, ligada ao setor químico; e a CNM, voltada a metalúrgicos - e os diretórios estaduais da CUT, para discutir o calendário de mobilizações.

Na região do ABC estão previstas manifestações na entrada do primeiro turno da Scania, Volkswagen e Mercedes-Benz. Já em Taubaté a mobilização será realizada na fábrica da Volkswagen, e em Sorocaba os protestos ocorrerão na Rodovia Castelo Branco. Está prevista para o dia 11 de fevereiro, no Rio de Janeiro, uma manifestação contra demissões na companhia Vale do Rio Doce. "É inconcebível que uma empresa que recebeu recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que pretende investir bilhões este ano, esteja falando em demissões nesse momento. Cadê a responsabilidade social dos empresários nessa hora? É só para aparecer em revista?" questionou Silva.

Quanto à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá a nova taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, Silva não poupou críticas. "Cada 1% de redução representa R$ 15 bilhões a mais na economia. É preciso ter mais ousadia para aportar mais recursos no sistema produtivo", afirmou o sindicalista. A CUT vai participar amanhã, junto a outras centrais sindicais, de mobilizações para pressionar o Copom por uma redução substancial na Selic. A entidade também pretende agendar reuniões com governadores e prefeitos. "Queremos trazes os governos para esse debate. Eles têm que chamar a responsabilidade também", salientou.

Para dialogar com o empresariado, a CUT está realizando articulações com federações industriais dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul - respectivamente Fierj, Fiemg e Fiergs -, além de reuniões com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e com representantes do comércio, para a elaboração de propostas conjuntas para o enfrentamento da crise. O objetivo é estabelecer um contraponto às negociações engendradas entre a Força Sindical e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que foram interrompidas por pressões de sindicatos ligados à Força. Para Silva, tanto a Fiesp quanto a Força "estavam querendo aparecer, tanto é que conseguiram, mas negativamente, na minha opinião".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Bruno De Vizia)