Título: Expectativa da indústria é a pior desde 1995, diz FGV
Autor: Saito,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/02/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 2 de Fevereiro de 2009 - A percepção de uma melhora na demanda interna levou a uma ligeira recuperação da confiança da indústria de transformação no início do ano. No entanto, pioraram as expectativas dos empresários em relação à situação dos negócios e ao emprego para os próximos meses.

Após quatro meses consecutivos de queda, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) apresentou alta de 0,5%, passando de 74,7 para 75,1 pontos entre dezembro do ano passado e janeiro, segundo sondagem realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com 1,1 mil empresas. Apesar da alta, o resultado é o terceiro pior da série histórica iniciada em abril de 1995, perdendo apenas para os indicadores do mês anterior (74,1) e de outubro de 1998 (71,2) ¿ período em que a economia sofria os efeitos da moratória russa.

O Índice de Expectativas recuou de 73,3 para 72,2 pontos entre dezembro e janeiro, chegando ao menor patamar apurado pela pesquisa. Segundo o coordenador de sondagens conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Aloisio Campelo, a retração foi influenciada por previsões menos otimistas em relação ao emprego e o ambiente de negócios.

O indicador para a situação dos negócios em seis meses caiu 12,2% para 77 pontos, o menor da série, com a redução do número de industriais que projetam um cenário melhor. Das empresas consultadas, 12,8% prevêem melhora, contra 25,3% em dezembro. A percentual das que esperam uma piora no primeiro semestre de 2009 caiu, mas continua acima de 30%. Entre dezembro e janeiro, passou de 35,8% para 37,6%.

O cenário também continua desfavorável para o emprego na indústria. Segundo a FGV, 31,7% das empresas prevêem cortes nos próximos três meses e apenas 13,3% ampliação do quadro de funcionários. Com isso, o indicador passou de 83 para 81,6 pontos. "É o menor nível desde 1999, quando atingiu 81 pontos", assinala o economista.

Campelo afirma que categorias como materiais de transportes, mecânica e metalurgia apresentaram melhora no indicador de emprego. No entanto, as expectativas pioraram em outros segmentos, como alimentos e química.

A melhor avaliação sobre a demanda, no entanto, impediu uma nova queda na confiança da indústria. O Índice da Situação Atual (ISA) subiu 2,6% para 78,1 pontos. A parcela de empresas que consideram a demanda global forte subiu de 2,2% para 8,3%%, enquanto a proporção dos que avaliam como fraca passou de 35,6% para 36,3%. Com isso, o indicador passou de 66,6 para 72 pontos.

Por outro lado, a indústria avalia ainda que está com estoques acima do normal. O indicador caiu de 84,3 para 80,4 pontos, com 21,8% das empresas sinalizando para estoques excessivos e nenhuma para insuficiente. "Embora já tenha entrado em uma fase de ajuste, na média, a indústria continua se considerando estocada", disse Campelo, citando os casos de metalurgia, mecânica e material de transporte.

O nível utilização capacidade instalada (Nuci) caiu de 85,3% em outubro para 78% em janeiro, o menor nível desde outubro de 1993 (77%). A queda foi liderada pelos setores de metalurgia, mecânica e material de transporte. "Esses setores responderam por 80% da queda do Nuci no último trimestre do ano passado", afirmou.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ana Carolina Saito)