Título: A força do mínimo
Autor: Furbino, Zulmira; Castro, Marinella
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2011, Economia, p. 20

Um batalhão de 14 milhões de idosos entrou na nova classe média brasileira entre 2003 e 2010. Eles têm rendimento familiar de R$ 1.126 a R$ 4.854, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), e movimentaram R$ 128 bilhões no ano passado. Parte importante desse contingente populacional é formada por aposentados e pensionistas beneficiados pelo reajuste do salário mínimo, que teve aumento real de 54,25% entre 2003 e 2011. Sua renda, reforçada pelo acesso ao crédito, passou a ser fundamental para compor os ganhos das famílias dos consumidores emergentes.

Com mais dinheiro no bolso do que no passado, esse grupo não precisa se preocupar com o desemprego. Os aposentados que recebem o piso da Previdência contam com garantias constitucionais de que sua renda não vai cair. Além disso, o Congresso acaba de aprovar uma lei que repete, a partir de 2012, a fórmula para reajuste do salário mínimo pela reposição da inflação mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A aposentadoria de Antônio Beletable, 63 anos, é de R$ 1,8 mil. ¿A minha vida como idoso é melhor e mais fácil do que a dos meus pais¿, afirma.

Segundo Marlon Simões, coordenador de um curso para 500 alunos maiores de 60 anos, os mais velhos têm grande potencial econômico e gastam sobretudo com saúde, lazer, cultura e viagens. ¿Hoje, já se fala em quarta idade, que são os maiores de 80 anos¿, explica. Ângela Cândido, de 68 anos, e o marido gastam o dinheiro conhecendo o mundo, parcelando as despesas em ¿suaves prestações mensais¿. No ano passado, fizeram três cruzeiros, um deles para a Grécia. Apesar de criticar a perda de poder de compra da sua aposentadoria em relação ao ganho real do salário mínimo, ela admite: ¿Tenho uma boa qualidade de vida¿. (MC e ZF)