Título: Obama assina o decreto para fechar prisão de Guantánamo
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/01/2009, Internacional, p. A12

Washington, 23 de Janeiro de 2009 - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou ontem um decreto que ordena o fechamento do centro de detenção de Guantánamo num prazo de um ano, marcando a ruptura com a política controversa de luta contra o terrorismo de George W. Bush.

O decreto estabelece "um processo através do qual Guantánamo será fechado em um ano o mais tardar", disse Obama durante a cerimônia de assinatura.

O presidente também assinou um outro decreto impondo aos Estados Unidos à conformação às convenções de Genebra e ao manual do exército americano no tratamento dos prisioneiros.

O presidente dos Estados Unidos também pediu a Israel que abra os postos de passagem nas fronteiras de Gaza para que possa entrar a ajuda humanitária e fluir o comércio (ver matéria abaixo).

O novo governo contará com o ex-senador George Mitchell, 75 anos, no cargo de emissário para o Oriente Médio que prometeu empreender "todos os esforços necessários para alcançar a paz e a estabilidade no Oriente Médio", ao aceitar sua nomeação.

Valores e ideais

Com os decretos, "a mensagem que enviamos ao mundo, é a de que os Estados Unidos têm a intenção de prosseguir o combate, comprometidos, no entanto contra a violência e o terrorismo, o que faremos com vigilância, com eficácia, dentro do respeito a nossos valores e ideais", disse.

Os americanos sabem, "como disse por ocasião da minha posse, que não perpetuaremos as más escolhas entre nossa segurança e nossos ideais", destacou.

Obama assinou o decreto no Salão Oval, cercado de militares e funcionários, após uma reunião em que debateu com eles a política de interrogatório e de detenção de pessoas suspeitas de terrorismo.

Organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram Guantánamo como uma zona de não-direito, onde os prisioneiros permanecem durante anos sem uma acusação formal. E se emocionam com as condições de detenção e as torturas das quais alguns detentos já foram vítimas.Imagem dos EUA

Para muitos, entre eles o presidente Obama, Guantánamo é uma das causas da deterioração da imagem dos EUA no exterior.

Dando-se o prazo de um ano, Obama terá um tempo para responder a uma questão espinhosa: o que fazer dos prisioneiros que podem, ainda, representar um perigo e que outros países não querem abrigar? Obama havia se comprometido a fechar o polêmico campo de detenção durante a campanha eleitoral.

A prisão de Guantánamo, atualmente com um total de 245 detentos, foi aberta em 2002, como parte da "guerra contra o terrorismo" iniciada pelo governo de George W. Bush depois dos atentados de Nova York e Washington.

Os tribunais de exceção para julgar alguns de seus prisioneiros foram criados em 2006. As novas medidas estabelecidas pelo presidente "modificam as regras de detenção e de interrogatório da CIA.

A última versão do manual do exército (Army Field Manual) revisada em 2006, proíbe explicitamente técnicas de interrogatório tais como os golpes, a utilização de animais para assustar os prisioneiros, o eletrochoque e a simulação de afogamento, considerados tortura pelas organizações de defesa dos direitos humanos.

A situação no Afeganistão é "perigosa", e "vai levar tempo para melhorar", declarou Barack Obama, que acaba de nomear um emissário para a região.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(AFP)